A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) lançou ontem uma nova modalidade de arroz que promete até 40% de ganho de produtividade em relação à média das culturas no Estado. O produto foi desenvolvido dentro do programa de melhoramento de arroz da Epagri, que já dura 30 anos. Além de maior potencial produtivo, o SCS 116 Satoru tem mais qualidade do grão e boas condições para a industrialização.
Segundo José Alberto Noldin, pesquisador da Epagri de Itajaí, o Satoru alcançou, em condições experimentais no campo, produtividade entre 9 e 10 toneladas por hectare. Em Santa Catarina, a média histórica é de 7 toneladas por hectare. Na safra de 2009/10, o produtor catarinense alcançou em média 6,8 t/ha em função das condições climáticas desfavoráveis. Alguns rizicultores tecnificados conseguem produtividades superiores a 12t/ha em um único cultivo. Noldin acredita que com o manejo técnico adequado o Satoru possa apresentar a mesma produtividade no campo.
O desenvolvimento da nova modalidade levou quase 12 anos. Em 2009, a pesquisa entrou na fase de produção de sementes que estão disponíveis pela Associação Catarinense de Produtores de Semente de Arroz Irrigado (Acapsa).
Na análise de Noldin, se nos próximos três anos o Satoru for plantado em 30% da área de arroz de Santa Catarina, o que corresponde a 50 mil hectares, e a produtividade média nestas áreas aumentar em 5%, a produção estadual teria expansão de 350 mil sacas de arroz. Com os preços de hoje, isso representaria R$ 9,8 milhões de injetados na cadeia catarinense.
Além da produtividade, o Satoru é adequado aos processos de industrialização, sobretudo a parboilização. Também se destaca para o uso como arroz branco e atende às expectativas do consumidor.
Em 1970, a produtividade catarinense de arroz irrigado era menor que 2t/hectare. Santa Catarina detém o segundo lugar no volume de produção de arroz irrigado no Brasil. "Além do aumento de 370% na produtividade nos últimos 30 anos, houve melhoria expressiva da qualidade industrial e culinária do arroz catarinense", diz Noldin. Segundo ele, as cultivares catarinenses estão presentes em vários estados brasileiros - do Rio Grande do Sul ao Norte do País.
Em Santa Catarina, o arroz é fonte de renda para mais de 12 mil famílias e gera 50 mil empregos diretos e indiretos movimentando cerca de R$ 1 bilhão por safra.
Veículo: Valor Econômico