Empreendedores de porte médio do mercado imobiliário, como a Sá Cavalcante e a Partage, investem em shopping centers fora das grandes capitais. Os projetos vêm migrando para grandes e médias cidades, de regiões metropolitanas ou do interior. Não é um movimento isolado.
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), dois terços das 42 inaugurações previstas para 2010 e 2011 estão fora das capitais. São 26 empreendimentos que atendem cidades de perfis variados, desde São Caetano do Sul, a Campos de Goytacazes, no norte fluminense, até Sete Lagoas (MG) e Pindamonhangaba (SP).
Para os médios empreendedores, é uma forma de aproveitar o crescimento da renda em diferentes regiões e, ao mesmo tempo, se manter competitivos perante grandes players que disputam os poucos espaços disponíveis nas maiores capitais brasileiras.
A Partage, que pertence à família Baptista, uma das sócias do laboratório Aché, está investindo cerca de R$ 700 milhões em cinco empreendimentos até 2015. O primeiro será inaugurado em novembro em São Gonçalo, na Grande Rio. Outros dois serão lançados no interior de São Paulo e na região metropolitana de Belo Horizonte. "O varejo de shopping center crescer 15% ao ano e há muitas regiões em que a classe C não está atendida", diz o diretor Ricardo Baptista.
O empresário faz coro à maior dificuldade encontrada por empreendedores de shoppings: descobrir amplos espaços. "Nas capitais isso está cada vez mais difícil, especialmente para quem deseja construir centros comerciais horizontais", diz Baptista. O custo por metro quadrado de um empreendimento horizontal é de R$ 200. No subsolo custa R$ 1,3 mil, afirma. "O valor do aluguel cobrado do lojista acaba não compensando o custo do terreno", diz ele. A Partage criou uma segunda empresa, a Affinitá, para fazer a administração dos novos shoppings.
A SC2, do grupo Sá Cavalcante, que é dona do Shopping Tijuca e do Praia da Costa, no Rio e em Vila Velha, respectivamente, agora mira Pelotas (RS). No centro gaúcho e em outro empreendimento que será construído no Nordeste do país, a Sá Cavalcante está aplicando R$ 460 milhões. "Nas capitais do Nordeste ainda há espaço para grandes shoppings", diz Leonardo Cavalcante, diretor da SC2. A empresa está construindo outros dois em São Luís (MA) e em Serra (ES), enquanto dois shoppings estão em fase de desenvolvimento (Guarulhos e Cariacica-ES).
Para atrair lojistas, a SC2 promove workshops com franqueadores e potenciais franqueados. "As grandes redes também têm interesse em expandir seus negócios para fora das maiores capitais", diz Cavalcante. Hoje, a SC2 analisa especialmente os mercados do Grande Rio e do Nordeste.
"A expansão dos shoppings para o interior e regiões metropolitanas têm se intensificado por conta da melhor distribuição de renda", diz o consultor Eugênio Foganholo. Sérgio Molina, diretor da DMV, agência especializada em shopping centers, concorda. "As empresas enfrentam menor concorrência e têm menos custos em cidades menores", diz Molina, que está envolvido no lançamento do Shopping de Luziânia, capitaneado pela Suporte Incorporações. A cidade satélite de Brasília tem cerca de 160 mil habitantes. "Até bem pouco tempo atrás, seria impensável um shopping lá", afirma.
Os líderes do setor não estão à parte desse movimento. Dos seis empreendimentos que serão lançados nos próximos três anos pela BR Malls, com investimentos de quase R$ 1 bilhão, três estão fora das grandes capitais.
Veículo: Valor Econômico