"Os supermercados aumentam sua presença em shopping centers para capturar consumidores.Assim as redes supermercadistas adotam um conceito chamado 'economia de escopo', adotado pela indústria, que significa: é mais barato fabricar dois produtos juntamente [neste caso, oferecer dois serviços ao mesmo tempo]", segundo Nuno Fouto coordenador do Programa de Administração do Varejo (Provar).
O líder de mercado é o Grupo Pão de Açúcar (GPA), com a bandeira Extra Hipermercado; no Estado de São Paulo das 60 lojas do grupo, 10 estão acomodadas em shopping centers. A última loja inaugurada em centro de compras é a de Osasco, aberta há poucos meses, com investimento de R$ 19 milhões. Pela primeira vez na cidade, o Extra Osasco Shopping União tem 8 mil m² de área construída, do total de 264 mil m² da área do shopping. O Shopping Iguatemi, na capital paulista, abriga a loja-conceito do Pão de Açúcar, onde foram investidos cerca de R$ 3,9 milhões.
No total são 163 -na soma de hiper e supermercados- as lojas da vice-líder do setor supermercadista, a rede Carrefour. Deste total, 24 estão abrigadas em grandes empreendimentos comerciais. Por região, vence São Paulo, agregando 13 lojas do grupo, em shopping centers do estado.
A norte-americana Walmart conta com 19 lojas alocadas dentro de shopping centers de todo o País. Sendo a Região Sul do Brasil, a que desponta com maior número de lojas, 10, isso porque a varejista comprou a rede Big de hipermercados, que em sua maioria já estavam locados em centros comerciais. No nordeste são cinco as lojas em shopping com a bandeira Bompreço. Para Eduardo Laranja, vice-presidente de Supermercados do Walmart Brasil, a vantagem da loja dentro do shopping, é o grande fluxo concentrado de pessoas. "Vai-se ao shopping em busca de um produto e se aproveita para comprar algo no supermercado" afirma.
Para os interessados em explorar esse nicho, os investimentos para uma loja num empreendimento comercial variam de acordo com a cidade e o formato da loja a ser construída. Em média, um supermercado requer R$ 20 milhões, enquanto para um hipermercado esse valor pode girar em torno de R$ 35 milhões.
"Existem cidades onde a disponibilidade de terrenos externos para a construção de loja é mais restrita, o que tende a elevar o preço desses espaços. Isso pode ou não influenciar a implementação da loja no shopping", explica o executivo do grupo.
Para o Walmart, não há diferença na operação de uma loja de rua ou de uma loja dentro de centro comercial, mas nas adaptações que as lojas em shoppings precisam ter em relação às demais lojas do grupo. Adaptações por exemplo no que diz respeito à locação de docas de abastecimento, que devem seguir as dimensões específicas de acordo com o empreendimento; horários de reabastecimento de produtos e adaptações na estrutura física da unidade, como as portas de entrada e saída dos clientes, que não precisam seguir o fluxo de uma avenida ou de ruas próximas, mas estar de acordo com o fluxo de circulação do público do shopping.
Os hipermercados dentro de grandes empreendimentos comerciais são âncoras na construção do shopping, segundo Eduardo Borges, diretor regional da Aliansce, porque ocupam em média de 10 a 30% da área construída do shopping; se o projeto é construído sem área programada para o hipermercado, fica inviável sua instalação no local. "Quando o shopping já está funcionando, sempre surge interesse por parte de alguma rede de supermercados, mas fica difícil encaixar esse tipo de loja depois de o projeto ser concluído" afirma.
Essa parceria do empreendimento comercial e das redes de hipermercado não possui regra muito definida para contratação. "Às vezes o Carrefour, por exemplo, tem um terreno e oferece para a empresa construir o empreendimento, ou o shopping, procura o hipermercado, isso depende muito da demanda. Já vi muito shopping nascer a reboque de um hipermercado", explica Borges.
A Aliansce é responsável por 24 shopping centers em todo o País, dos quais dez têm hipermercados como inquilinos. O próximo a ser inaugurado fica na capital Belo Horizonte, que já traz um hipermercado do grupo Carrefour como opção de compras para seus futuros clientes.
Shopping
O maior complexo comercial da América Latina, o Shopping Leste Aricanduva, na capital paulista, abriga duas grandes concorrentes varejistas. Uma é a loja do Walmart, e a outra, do GPA, a Extra Hipermercados, sem contar com o atacadista Makro, que também faz parte do complexo de lojas do mall, onde, com o cartão exclusivo Makro, é possível fazer compras também no varejo. Diante deste cenário, fica fácil entender a circulação de mais de 4,5 milhões de pessoas que por mês passam pelo local.
Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, superintendente do mall, entende que os hipermercados fazem um complemento importante para o shopping e prestam mais serviços ao consumidor. "É um fator importante também para fidelizar clientes" explica.
Quanto aos custos para as redes varejistas supermercadistas abrigarem suas lojas em grandes shoppings, Novaes pontua que são 15% inferiores aos exigidos por uma loja de rua, porque custos com segurança, tratamento de fachada e estacionamento seriam de responsabilidade do hipermercado, mas, com a parceria, esses valores são diluídos também para as demais lojas do centro comercial. "Isso sem falar em despesas com marketing", acentua o executivo.
Veículo: DCI