Hortaliça em versão 'mini' dá boa renda

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Com apelo visual e de sabor, cenourinha, tomatinho e até beterraba viram 'snack' saudável

 

Eles são vendidos higienizados e embalados em pequenas porções, prontos para consumo, como snacks. Só que, ao contrário de salgadinhos, estão crus e atendem à demanda do consumidor por alimentos mais saudáveis. São os minilegumes, como minicenouras, minitomates e até minibeterrabas. Com alto valor agregado, sabor naturalmente adocicado e visual atraente, até mesmo as crianças têm se mostrado seduzidas pelos pacotinhos. "A cenoura baby tem coloração intensa, é mais saborosa e tem uma textura diferente, além do alto teor de betacaroteno", diz o produtor Luiz Filipe Corrêa, proprietário da Mr. Rabbit, em Araçoiaba da Serra (SP). Ele produz minicenouras e minibeterrabas, além de minicebolas, em 4 hectares e processa de 20 a 30 toneladas de hortaliças por mês.

 

Importadas. As sementes são importadas dos Estados Unidos e da Europa. "Esse mercado é pequeno no Brasil. Como são produtos diferenciados, de alto valor agregado, ficam restritos a um consumidor de maior poder aquisitivo. É um mercado com um consumidor fiel", diz Corrêa.

 

Segundo ele, 1 quilo de cenoura rende 250 gramas de minicenouras. As máquinas cortadoras, selecionadoras, descascadoras, embaladoras, classificadoras e toda a parte de sanitização foram desenvolvidas pela própria empresa. "Desenvolvemos com base em tecnologias existentes em outros países. Todos os equipamentos são de aço inox e os produtos não recebem nenhum tipo de aditivo." A cenoura e a beterraba são de variedades de tamanho normal; processadas, transformam-se nas versões mini e são vendidas em embalagens de 100 e 250 gramas. Corrêa tem como clientes grandes redes de supermercados e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp).

 

Características. A tecnologia de produção inclui a escolha das variedades de cenouras ideais. Entre as características desejadas estão uma raiz fina e comprida para que se obtenha o maior número de cortes; a coloração laranja-avermelhada intensa, que indica o teor de betacaroteno; tamanho e coloração do miolo, que resultam também em melhor sabor; doçura e consistência macia e crocante ao mesmo tempo. Além disso, a cenoura deve ter boa produtividade e ser tolerante a doenças.

 

"Procuramos ser fiéis à tecnologia americana. Desenvolvemos um sistema em que as cenouras não têm contato manual do corte à embalagem. Isso resulta em um produto saudável, livre de contaminações e pronto para consumo."

 

Tomate doce. No caso do minitomate, o diferencial, além do formato mais alongado, é o sabor, mais doce e menos ácido. "O teor de brix, que é o que mede a doçura, chega a 10 graus no minitomate; em outras variedades, esse teor é de 3 a 4 graus", diz o coordenador técnico da empresa de sementes Sakata, Márcio Geraldo Jampani. A empresa desenvolveu o tomate híbrido sweet grape, que agrada ao consumidor por seu sabor adocicado. "Esse tomate é chamado de tipo uva, por causa do formato e do sabor."

 

O cultivo do sweet grape obedece a manejo especial. A área mínima preconizada para a produção é de 1.250 metros quadrados de estufa. Além da exigência de estufas, o sweet grape é semeado em substrato, precisa de irrigação localizada e tem o ponto exato de colheita. Após a semeadura em bandejas, ele é transplantado para vasos. "Para ter qualidade final, deve-se seguir à risca esse manejo."

 

A empresa está trabalhando no aumento da produção, pois ela só atende a 20% da demanda. "A oferta é limitada, mas o mercado está crescendo, pois as pessoas consomem esse tomatinho como fruta", diz ele, acrescentando que 1 quilo do sweet grape pode custar R$ 20.

 

O produtor Edson Tikayuki, de Mogi das Cruzes (SP), investiu há um ano no sweet grape. Começou com mil metros quadrados, foi aumentando a estrutura de estufas e hoje possui 5 mil metros quadrados - 2 mil metros estão em colheita. O ciclo é rápido - da semeadura até a colheita são cerca de 120 dias - e o cultivo é feito em "slabs", salsichões de substrato onde é feito o plantio. Cada salsichão comporta três pés do sweet grape e dura de seis a sete meses; depois desse período é esterilizado e reutilizado. "Se houver alguma doença, basta descartar os slabs contaminados."

 

No pico da colheita a produtividade em 2 mil metros quadrados chega a mil quilos por semana. "A partir da quinta semana de colheita, a produtividade cai, mas consigo colher o ano todo", diz Tikayuki, que construiu toda a estrutura de estufas. Incluindo o sistema de irrigação, uma estufa de 2 mil metros quadrados custa R$ 85 mil.

 

Na ponta do lápis. O principal custo, porém, é com mão de obra, já que o cultivo é 100% manual." Tikayuki colocou tudo no papel - sementes importadas, adubo, defensivos químicos, irrigação, mão de obra e até a amortização do valor investido na estufa - e concluiu que o cultivo de 2 mil pés de sweet grape custa R$ 29 mil. "Em condições favoráveis um pé produz até 8 quilos no verão", diz Tikayuki, que entrega a produção a uma revendedora, que embala e distribui em supermercados. Ele recebe, em média, R$ 4 pelo quilo do sweet Grape.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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