Governo pode voltar a cortar IPI da linha branca

Leia em 4min

Critério de eficiência energética deve beneficiar geladeiras, fogões e máquinas de lavar

 

O Ministério da Fazenda e a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) começaram a alinhavar um novo acordo para a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os eletrodoméstico da linha branca, que reúne geladeiras, fogões e máquinas de lavar.

 

O primeiro passo para começar a discutir a questão já foi dado. O Ministério da Fazenda encomendou ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) uma nova classificação da eficiência energética desses produtos, que vai apertar os critérios para conceder ao eletrodoméstico o selo classe A, que será um dos passaportes para a nova redução do imposto.

 

A nova classificação da eficiência energética dos eletrodomésticos será apresentada em uma reunião entre Inmetro, Eletros e Ministério da Fazenda em agosto, conforme antecipou o Estado na edição de ontem. Ela deve servir para embasar novas alíquotas de "IPI verde", levando em conta a economia de energia dos equipamentos e a essencialidade do produto. Isto é, se o eletrodoméstico está ou não presente na maioria dos lares brasileiros.

 

Pleito. O pleito da indústria é que a alíquota do IPI para as lavadoras caia de 20% para 10%; no caso das geladeiras, de 15% para 8%; nos tanquinhos, de 10% para 2%; e que não tenha alteração para os fogões porque esse eletrodoméstico é universal, isto é, já está presente na quase totalidade dos domicílios.

 

De acordo com os novos critérios do Inmetro, apenas 36,1% das geladeiras terão selo de eficiência classe A. Hoje, 90,5% dos produtos se encaixam nessa classificação. Para as máquinas de lavar, 37,3% receberão selo classe A, ante 98,7% atualmente. No caso de fogões, apenas 5% serão considerados com maior eficiência energética. Hoje, 69,4% dos fogões trazem o selo A de eficiência. Os novo critérios passarão a valer a partir de 2011.

 

A experiência de reduzir a tributação dos eletrodomésticos da linha branca para atenuar os efeitos da crise na produção foi comemorada pela indústria nacional nos últimos meses. Além de estancar as demissões provocadas pela queda nas vendas, os fabricantes chegaram a ter crescimento de 30% nas vendas em abril desde ano em relação a igual período de 2009, quando o benefício estava em vigor.

 

Com o fim da redução do IPI para a linha branca, as vendas despencaram. Segundo varejistas, a retração chegou a 20% em maio, na comparação anual, em razão do fim dos estoques comprados com IPI menor.

 

Assustadas com a freada, houve indústrias, como a Mabe, dona das marcas Dako, GE e Mabe, que decidiram conceder férias coletivas aos trabalhadores para ajustar os estoques à nova realidade do mercado.

 

Depois da indústria, agora é a vez de os varejistas ficarem apreensivos quanto ao desempenho das vendas para julho e agosto. Com o fim da Copa do Mundo - evento que, de certa forma, impulsionou as vendas de televisores e mais que compensou a retração nos eletrodomésticos da linha branca -, as redes de eletrônicos e eletrodomésticos não enxergam em outros produtos uma maneira de compensar a queda na venda de TVs que se avizinha, somada ao fraco desempenho da linha branca que vem desde maio.

 

Procurados pela reportagem do Estado, nem o Ministério da Fazenda nem a direção da Eletros quiseram comentar as negociações para a redução do IPI sobre os eletrodomésticos.

 

PARA LEMBRAR

 

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para fogões, geladeiras, máquinas de lavar e carros foi uma arma poderosa usada pelo governo para virar o jogo da crise e evitar queda nas vendas desses itens e demissões em massa.

 

No caso dos veículos, o corte do IPI para modelos populares e com motor até 2.o começou em dezembro de 2008 e acabou em março deste ano. O resultado surpreendeu até os fabricantes, que tiveram em 2009 o melhor ano de vendas do setor, com a comercialização de 3,1 milhões de veículos.

 

No caso dos eletrodomésticos da linha branca, o desempenho também superou as expectativas, apesar de o setor não consolidar dados sobre o total de unidades vendidas.

 

O corte do IPI para os eletrodomésticos começou um pouco depois dos veículos, em meados de abril de 2009, e durou até o início deste ano.

 

A redução do imposto fez as indústrias do setor trabalharem usando cerca de 90% da capacidade de produção, houve recontratação de funcionários demitidos e expansão do quadro de pessoal para atender à demanda crescente.


 
Veículo: O Estado de S.Paulo
 


Veja também

Rede City Lar se une à Máquina de Vendas

Com a fusão, oficializada ontem, a empresa, que já reunia Insinuante e Ricardo Eletro, estará prese...

Veja mais
Pimentão lidera ranking do agrotóxico

Quase um terço das amostras de frutas, verduras, legumes e grãos analisadas pela Agência Nacional de...

Veja mais
Unilever sai às ruas para vender caldo Knorr

A divisão de alimentos da Unilever colocará em circulação hoje nas ruas dos 65 países...

Veja mais
Sample Central desembarca no País com 16 mil clientes

A Sample Central, loja em que o cliente, mediante uma anuidade de R$ 15, pode experimentar antecipadamente produtos que ...

Veja mais
A Dudalina muda de hábito e investe no varejo

Maior fabricante de camisas masculinas do Brasil, o grupo catarinense Dudalina decidiu entrar para valer no mercado de f...

Veja mais
Receita nova de biscoito recheado amplia lucro da Kraft

Fabricante aposenta receita original de Trakinas e adiciona 20% de farinha integral à nova linha   Durante...

Veja mais
Inauguração

Com investimentos de R$ 12 milhões, a rede Pão de Açúcar abre hoje sua primeira loja no Pana...

Veja mais
Novelas: um enredo de ganhos para o varejo

Quem tem cerca de 35 anos certamente se lembra do batom "Boka Loka", da primeira versão da novela global "Ti Ti T...

Veja mais
Nas festas de S.João quem se diverte mesmo é o Leão

Se depender do percentual de tributos embutidos nos preços finais dos produtos vendidos nos arraiais, a mordida d...

Veja mais