Estiagem deixa cesta básica mais cara

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O consumidor deve se preparar para encontrar os principais produtos do carrinho de supermercados com preços mais salgados e azedos nesta semana. Feijão, arroz, carne, pão e até a laranja têm sofrido com o tempo seco e a estiagem, o que provocou alta de até 66% sobre os itens.

 

No Grande ABC a pesquisa sobre a média de preços só deve ser divulgada amanhã, no entanto, o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e um dos autores do estudo, Fábio Vezzá Benedetto, conta que nas visitas aos varejistas já notou valores mais altos nos itens indispensáveis da cesta básica. "A carne bovina está cara e o frango também. A laranja e a banana estão com preços muito altos e o feijão segue em elevação. Achamos o grão na casa dos R$ 4,00 em dois dos sete supermercados pesquisados hoje (ontem)", afirma.

 

Para diminuir o impacto dos valores a mais no orçamento, o engenheiro orienta que consumidores pesquisem muito de um mercado para o outro. "A diferença entre os preços pode ser até maior do que 50%".

 

Para Martinho Paiva Moreira, diretor de economia da Apas (Associação Paulista de Supermercados), os preços devem seguir altos até dia 10, quando produtores entregam novas sacas do feijão, acabando com o período de entressafra. A importação de outros produtos, como no caso da carne, também deve ajudar a combater o encarecimento.

 

"A maioria dos produtos são sazonais. Entre eles carne e feijão. Em virtude da seca houve prejuízo tanto no feijão quanto na criação de carne e isso fez com que a oferta menor produzisse aumento. Frango e carne suína aumentaram consideravelmente por conta da falta da carne bovina. O caso do feijão tem destaque porque não há substituto, mas com a importação de produtos isso deve melhorar", argumenta.

 

A laranja - que está com um dos preços mais azedos do ano - sofre por conta da estiagem mas também porque os produtores brasileiros preferem exportar os produtos e lucrar mais. "O mercado americano é um dos maiores consumidores e isso causa escassez no mercado nacional", diz Moreira.

 

No entanto, é o pão que mais preocupa a entidade. Com a maior parte do trigo já vindo de fora do País, não há maneiras de tentar conter a alta do ingrediente fundamental em massas, bolachas e também no pão. "O único produto que estamos de mãos atadas é o trigo. Porque nosso trigo é importado e isso atrapalha muito toda a cadeia que depende dele. Temos de esperar a movimentação lá fora para ver o que acontece", pontua o diretor.

 

Para minimizar o peso no bolso do consumidor, Moreira atesta que os supermercados estão diminuindo a margem de lucro, evitando assim que a alta nos itens seja ainda maior. Ele nega também que a revisão nos valores do feijão tenha sido apenas uma maneira de ampliar o ganho das redes por conta do que foi perdido até agosto, quando os preços do grão bateram até R$ 5. "Isso é absurdo. Quanto maior o preço, menor o lucro dos supermercados. Temos de diminuir a margem para não perder clientes", argumenta.

 


Veículo: Diário do Grande ABC


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