Grupo francês Publicis compra 49% da agência brasileira Talent

Leia em 4min 20s

Investimento. Chegada de sócio estrangeiro foi anunciada ontem pela manhã em Paris, sem que fosse informado o valor, que, segundo fontes de mercado, ficou em US$ 110 milhões; fundador da Talent garante que empresa continua independente

 

O grupo Publicis, terceiro maior do mercado publicitário mundial, anunciou ontem a compra de 49% das ações da agência Talent, com sede em São Paulo. O anúncio foi feito em um comunicado oficial, sem detalhes sobre o negócio, no qual não consta o valor da transação.

 

De acordo com informações obtidas pelo Estado em Paris, a transferência custará à empresa francesa US$ 110 milhões - valor bem abaixo dos US$ 200 milhões cogitados em agosto pelo jornal Financial Times.

 

O negócio foi informado por meio de uma nota oficial lacônica, na qual 60% das informações são dedicadas a descrever o grupo Talent. O único dado relativo à transação é o porcentual de 49%. Fontes do mercado publicitário da França garantem que a participação pode ser aumentada, sem, no entanto, que haja um prazo tal. Diretora de Comunicação Externa, Peggy Nahmany, não se manifestou sobre o tema, ontem, quando consultada pela reportagem.

 

Ainda no comunicado, a companhia francesa afirma: "A transação está em linha com a estratégia do Grupo Publicis de realizar aquisições pontuais visando expandir a liderança em mercados de alto crescimento, como o Brasil."

 

A empresa ainda lembra que, em agosto, já oficializara a aquisição da agência A2G, em Porto Alegre, escritório se uniu à subsidiária Publicis Modem, braço digital da Publicis Worldwide. "O movimento segue a aquisição pelo Grupo Publicis da agência digital AG2 e sua fatia minoritária na agência Taterka, também neste ano."

 

Segundo a Publicis, os negócios se justificam porque "o Brasil é um dos mais promissores mercados de publicidade do mundo". Com a aquisição da Talent, a Publicis chega a mil funcionários no País, onde reúne cinco marcas: Publicis Worldwide, Saatchi & Saatchi, Leo Burnett, VivaKi e MS&LGroup.

 

Além de ampliar sua estrutura física no Brasil ao adquirir a agência fundada por Julio Ribeiro, o grupo francês se consolida como a grande oponente da WPP, a número 1 da publicidade. Para tanto, a Publicis contará agora com clientes da Talent do peso de Sony, Santander, Timberland e Embratel.

 

A companhia já fatura a metade de sua renda em países emergentes e no ambiente digital, e sua projeção é chegar a 60% entre 2013 e 2014. Em julho, segundo a agência Reuters, o presidente do diretório da Publicis, Maurice Lévy, afirmou que o grupo pretende seguir uma política de aquisições, de forma a ampliar seu mercado na China.

 

Planos. "Assinamos ontem (terça-feira), depois de um ano de conversas", afirmou Ribeiro, em São Paulo. "O acordo aumenta minha ambição."

 

O publicitário explicou que seus clientes brasileiros - como Semp Toshiba, Tigre, Alpargatas e Votorantim Cimentos - estão se tornando multinacionais, e que ele precisava de um sócio internacional para atender a essas empresas fora do País. "Achamos que o modelo anterior era muito restritivo", explicou. "Era difícil crescer só no Brasil."

 

Ribeiro não confirmou o valor do negócio, dizendo que "existem muitos boatos no mercado". Ele garantiu que a Talent continuará atuando como uma agência independente, tanto do ponto de vista da criação quanto administrativo.

 

A Publicis tem uma operação brasileira, que continuará separada da Talent.

 

O fundador da Talent comunicou ontem à equipe a chegada do novo sócio. "O pessoal recebeu bem", disse Ribeiro. "Com o acordo assinado, minha sensação é de alívio, depois de um ano de negociações. Agora vou tirar uma semana de férias."

 


Mercado atrai agências estrangeiras

 

A compra da Talent pela Publicis reflete uma tendência de as grandes agências brasileiras se associarem a grupos internacionais. Em abril, o publicitário Washington Olivetto uniu-se à rede americana de agências McCann-Erickson, formando a WMcCann.

 

Criada em 1980 por Julio Ribeiro, a Talent prevê crescer 25% este ano, chegando a um faturamento de R$ 1 bilhão. A compra da Talent incluiu a QG Propaganda, criada há 18 anos.

 

A Talent continuará sob o comando de Ribeiro e dos sócios José Eustachio, vice-presidente de Operações, e Antonio Lino, vice-presidente de Administração. A QG continuará sob a presidência de Paulo Zoega Neto.

 


PONTOS-CHAVE

 

Expansão
Maurice Lévy, presidente do diretório da Publicis, afirmou em julho que o grupo planeja seguir sua política de aquisições, para ampliar seu mercado nos emergentes.

 

Crescimento
25%
É o aumento previsto para o faturamento da Talent neste ano, sobre o resultado de 2009, chegando a R$ 1 bilhão.

 

História
A agência de publicidade Talent criou slogans memoráveis,
como "Não é assim nenhuma Brastemp" e "Bonita camisa, Fernandinho", para as camisas UsTop.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Feijão dispara 35% e já custa R$ 4,20 na região

Em apenas uma semana o preço do feijão disparou 35% no Grande ABC. Na média, o quilo é encon...

Veja mais
Hypermarcas pretende captar R$ 1 bilhão

A Hypermarcas convocou Assembleia Geral Extraordinária para o próximo dia 22, onde pretende aprovar sua 1&...

Veja mais
Americanas tem duas novas lojas

A rede de produtos para o lar, roupas, acessórios, alimentos e eletrônicos Lojas Americanas inaugurou duas ...

Veja mais
Tip Top aumenta volume de peças importadas

A TDB, grupo do segmento têxtil que atua no mercado com a marca infantil Tip Top, pretende aumentar a importa&cced...

Veja mais
Nestlé pode arrendar maior unidade da Parmalat

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, por unanimidade e sem restrições...

Veja mais
Receita garantida sem Super Casas Bahia

Faturamento do grupo Nova Casas Bahia – que incorpora também o Ponto Frio – não será af...

Veja mais
A empresa e sua imagem

No Brasil ainda parece um tanto superficial a percepção de que a imagem institucional de uma organiza&cced...

Veja mais
Shopping quer fisgar clientes de lojas de rua

O brasileiro que se encaixa no perfil econômico da nova classe C parece gostar de fazer mais compras em lojas inst...

Veja mais
Brasileiro reduz pela metade tempo gasto em compra no supermercado

Consumidor faz visitas mais frequentes e gasta em média 30 minutos, ante uma hora em 1998   Mudança...

Veja mais