Droga Raia quer aproveitar momento para abrir capital

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve ter, até o final do ano, mais um papel em sua listagem. A rede de drogarias Droga Raia protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de registro de oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). A operação será conduzida pelo Itaú BBA. Além dele, os bancos Credit Suisse e o BB Banco de Investimento devem atuar na captação de recursos para a empresa.

 

O professor do curso de Administração da ESPM Adriano Gomes disse que o mercado pode olhar com certa desconfiança o IPO da Droga Raia, uma vez que parte do dinheiro seria utilizado para fazer capital de giro. "Isto e amortização de dívida parecem ser dois problemas crônicos da empresa", analisou.

 

No prospecto, a Droga Raia afirma trabalhar com "capital de giro operacional bastante enxuto, dentro de uma filosofia que visa a maximizar o retorno sobre o investimento."

 

O professor entende que se houver desconfiança do mercado de que o dinheiro é para tapar buraco, a operação pode ser malsucedida e impedir a abertura de novos pontos e reforma das lojas, conforme os planos da empresa.

 

Gomes fez uma retrospectiva da empresa e disse que, em setembro de 2008, a Droga Raia recebeu aporte da Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e da Pragma Patrimônio, que detêm 30% do capital da empresa. "Eles já pretendiam realizar abertura do capital, mas a crise configurada em 2007 e 2008 adiou os planos. Já naquela época havia um problema de estruturação de dívida", relatou.

 

Segundo Gomes, outro ponto de desconfiança ´quanto ao total sucesso do IPO da Droga Raia é que as ações da concorrente Drogasil caíram 2,62% no pregão de ontem. "Contudo, de agosto a outubro deste ano, o papel da companhia valorizou 26%, o que reforça que os papéis se valorizem no longo prazo. No ano, a companhia acumula alta de 54,27%." De acordo com a Bovespa, empresas do setor de saúde conseguiram boa valorização durante o ano. Papéis como da Odontoprev apresentam alta de 54,09%. Mesmo caminho segue a Dasa, cuja valorização está em 45,51%. As ações da Cremer sobem 42,53% e as da Amil, 31,24%.

 

Catho

 

Fontes de mercado revelaram ao DCI que, até a metade do ano que vem, a empresa Catho Online deve fazer IPO. A empresa é uma das líderes em classificados on-line de currículos e empregos da América Latina. Uma fonte destacou que pessoas do alto escalão da empresa teriam afirmado, há poucos meses, que o processo de abertura já teria começado e que "a estreia na Bolsa será em breve."

 

Em março de 2006 e novembro de 2008, a Catho Online foi adquirida por dois grupos de investimentos estrangeiros, respectivamente: a Tiger Global Management LLC e a Seek Corporation. Procurada pela reportagem, a Catho não comentou o assunto.

 

Mercado

 

Na visão do economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini, deverá ser cada vez mais comum as empresas brasileiras de médio porte e as de varejo abrirem capital na bolsa. "Antes havia restrição pelo mercado por conta do baixo índice de governança corporativa. A partir da estabilidade monetária em 1994, as empresas começaram a mudar."

 

O economista-chefe lembra que financiar os projetos da empresa com dinheiro do mercado é mais barato que as fonte de financiamento mais tradicionais como empréstimos. "Além de mais caros, os prazos são mais restritos. Os bancos analisam ativos e dívidas e impõem um limite. No IPO também. O volume de recursos, porém, pode ser muito maior e não há limites de prazo."

 

Ele exemplifica relembrando que o banco Cruzeiro do Sul captou US$ 400 milhões com a emissões de bônus no exterior - mas a demanda pelo papel foi quase 4 vezes maior.

 

Ele avalia que as empresas de varejo precisarão se expandir, "pois temos emprego e renda e Copa e Olimpíadas. No varejo, se as empresas não vão a mercado, elas se fundem, como fez Ricardo Eletro e Insinuante. Outras redes devem seguir o mesmo caminho antes de pensarem em IPO."

 

A rede de drogarias Droga Raia pediu ontem registro de sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O mercado acredita que a oferta será bem-sucedida, mas alguns aspectos expostos no prospecto preliminar, como a utilização dos recursos para capital de giro da companhia, podem ser vistos com reservas pelos investidores, o que pode diminuir o preço das ações na oferta.

 


Veículo: DCI


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