Rede de farmácias com sede em Fortaleza deve fechar o ano com 400 lojas e foca expansão no Sul e Sudeste
A rede de farmácias Pague Menos já despertou o interesse de nomes de peso do mercado varejista e financeiro. O Pão de Açúcar e a GP Investimentos não comentam o assunto, mas ambos teriam se esforçado para obter pelo menos 51% da rede cearense fundada em 1981 por Francisco Deusmar de Queirós. O empresário, no entanto, desdenha da hipótese de ter sócios controladores. "No máximo, vendo um terço da empresa", diz Queirós, que vendeu laranjas na infância, antes de se tornar dono do primeiro milhão no fim dos anos 70, com a Pax Corretora de Valores, da qual ainda é sócio.
Mas Queirós admite que adoraria ter um sócio estrangeiro de grande porte. Neste caso, venderia até 51% do capital da Pague Menos, rede presente em todos os Estados do país e no Distrito Federal, que deve fechar o ano com faturamento de R$ 2,24 bilhões e 400 lojas. "Nesse caso, eu poderia ter 2% de uma empresa como a americana Walgreens, para poder aprender também com o negócio deles", diz Queirós. A Walgreens, gigante do varejo farmacêutico nos Estados Unidos, faturou US$ 63,3 bilhões em 2009.
Para o empresário, o Brasil estará no foco das grandes varejistas do setor a partir de agora, que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou um acórdão favorável à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), contra uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), permitindo a venda de produtos de conveniência nas lojas. "O forte dessas grandes varejistas americanas, como a Walgreens, a CVS Pharmacy e a Rite Aid é a venda de conveniência, que agora está liberada no país", diz Queirós.
Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, concorda, mas acredita que as gigantes americanas vão estar mais preocupadas em atender a demanda interna - com a reforma da saúde proposta pelo presidente Barack Obama - do que em procurar novos mercados. "É mais provável que o interesse venha de outras redes estrangeiras, como as inglesas Alliance Boots e a Lloyds, que vendem até brinquedos e eletroeletrônicos nas farmácias", diz Barreto, que deve integrar uma comitiva de diretores da Abrafarma para fazer uma visita técnica, no próximo mês, a varejistas inglesas. "Vamos passar um dia na Boots, a convite deles", diz.
Na Pague Menos, a venda de produtos de conveniência, como sorvetes e chocolates, representa 5% do faturamento, que foi de R$ 1,85 bilhão no ano passado. "Mas podemos fazer esse percentual dobrar em menos de cinco anos", diz Queirós, que já promete vender panetone nas lojas neste fim de ano. Hoje, medicamentos respondem por 70% das vendas e perfumaria, por 25%. "Para nós, é interessante depender cada vez menos dos medicamentos", diz Patriciana Rodrigues, diretora de compras e marketing da Pague Menos.
A rede vai investir R$ 50 milhões para abrir 50 lojas em 2011. Seu foco está nas cidades entre 100 mil e 300 mil habitantes, especialmente em São Paulo, Minas Gerais e Paraná. "Nas capitais há muita concorrência e o custo de operação é maior", afirma Queirós. Este ano, estão sendo investidos R$ 80 milhões na abertura de 60 lojas, 40 delas fora do Nordeste, região que responde por 60% do faturamento.
Queirós descarta a possibilidade de adquirir redes. "As maiores como a Araújo e a Panvel, não estão à venda, e pode ser perigoso comprar pequenas redes, de 30 ou 40 lojas, porque elas não são profissionalizadas e podem guardar alguns 'esqueletos'", diz ele, que afirma receber ofertas de pequenas redes com frequência.
A empresa lança em janeiro uma campanha publicitária nacional, de R$ 40 milhões, para comemorar os seus 30 anos. Queirós reafirmou o plano de abrir o capital da companhia em 2012, ano em que deve construir seu segundo centro de distribuição.
Veículo: Valor Econômico