Importação do óleo de oliva cresce 25,7% no 1º semestre, resultado da sofisticação e da valorização maior do produto
Marta Vieira
As importações brasileiras de azeite de oliva virgem e refinado sobem pelo quinto ano, tanto em valores quanto em volumes, e cada vez mais combinam a origem diversificada do produto com opções para atender da classe média ao consumidor disposto a pagar pelas opções mais requintadas no comércio especializado. De janeiro a junho, as compras do óleo de azeitona no exterior somaram US$ 74,6 milhões, 25,7% acima das cifras registradas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no primeiro semestre de 2007. Foram importados 13,7 milhões de quilos, quantidade 12,4% superior no período comparado.
No balanço dos números, mais de 80% dos desembarques no país saíram da União Européia, principalmente de Portugal, Espanha e Itália. Longe de ser um resultado determinado pela variação cambial, o avanço desse mercado de consumo é atribuído a uma mudança de hábitos dos apreciadores do azeite, que passaram a escolher o óleo como os bons conhecedores de vinho, observando a safra da azeitona, o índice de acidez, o rótulo e a embalagem. Em Belo Horizonte, comerciantes do ramo oferecem o azeite considerado de qualidade a partir de R$ 18 o litro, preço que pode superar os R$ 470 pelas marcas de grife.
Na Royal Delikatessen e na Enoteca Decanter, na Zona Sul de Belo Horizonte, o proprietário Flávio Morais arrisca a calcular em até 45% ao ano o aumento do consumo de marcas de azeites puros (virgens e extravirgens), também beneficiadas pela migração do cliente que costumava consumir o azeite composto. “É um mercado ainda incipiente, mas que cresce estimulado pelo reconhecimento dos próprios médicos das qualidades, como o baixo colesterol, a exemplo dos vinhos, e a divulgação nos festivais de gastronomia”, afirma. No último um ano e meio, as empresas de Morais aumentaram em 40% o número de marcas disponíveis – são 100 no empório e 45 tipos de azeites de linha premium na enoteca –, ao mesmo tempo em que as vendas cresceram 50%. A vitrine na Decanter é o italiano Caroli de cinco litros, azeite extravirgem de baixíssima acidez, comercializado em lata decorada de aço inoxidável por R$ 2.368.
André Martini, sócio da tradicional importadora Casa do Vinho, tem experimentado a oferta de fornecedores de vinho que passaram também a produzir azeites de qualidade. Entre variedades da Espanha, Grécia, Itália e de Portugal, a atual vedete na empresa de Martini é o espanhol Emina, importado diretamente dos fornecedores, azeite verde escuro de primeira linha, vendido a R$ 31 a garrafa de meio litro. O segundo lote chega no fim deste mês, depois de praticamente esgotada a leva inicial testada na loja. “O consumidor aprendeu a valorizar o produto, que, apesar de calórico, faz bem à saúde e passou a encontrar uma grande variedade de marcas nos últimos três anos”, diz André Martini. A importadora vende azeites especiais a preços variando de R$ 20 a R$ 45 e contabiliza aumento de vendas de 20% ao ano.
Há três décadas no ramo, o gerente da Empório Ananda, uma das mais antigas importadoras instaladas no Mercado Central de BH, Eduardo Carlos de Campos, afirma que o consumidor aprendeu a consumir o azeite e a dar preferência às marcas de baixa acidez, sinal da melhor qualidade do produto. “De cada 10 clientes, oito usam azeite em casa”, afirma. A importadora tem estoque de 80 tipos, incluindo marcas regionais italianas, como as da Toscana.
As lojas da rede Carrefour trabalham com mais de 200 referências em azeites da Itália, Espanha, Portugal e Grécia, informa a assessoria da multinacional francesa. Com um aumento de 50% das vendas, a empresa lançou recentemente o azeite orgânico Viver, produzido na cidade italiana de Spoleto, a partir de uma seleção de azeitonas dos tipos coratina, leccino e moraiolo. Para atender o consumidor que quer experimentar novidades, o Carrefour reforçou o estoque com azeites aromatizados, a exemplo do Andorinha Citrus, com aroma natural de limão. Este ano, a expectativa é vender 20% mais na comparação com 2007. De acordo com o Instituto Nielsen, as vendas de óleo comestível (extraído de frutas e sementes oleaginosas) e de azeite de oliva cresceram 17,8% em valor no Brasil ano passado, alcançando R$ 3,43 bilhões. Em volume, o acréscimo foi bem mais tímido, de 4,34%, de um total de 1,004 milhão de litros. Não há estatística só para o azeite.
Veículo: O Estado de Minas