Discreta, Esmaltec prepara expansão

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Voltada para classes C e D, produção de geladeira vai dobrar

 


A fabricante de eletrodomésticos Esmaltecproduziu e vendeu, discretamente, mais de 2 milhões de fogões no ano passado, abocanhando cerca de 23% do mercado brasileiro. De carona no exponencial crescimento do poder de compra das classes C e D, especialmente da região Nordeste, a empresa cearense planeja ampliar em 2011 a sua ainda tímida presença nacional em outros produtos. Para isso, vai dobrar a produção de refrigeradores, para cerca de 800 mil unidades neste ano, no município de Maracanaú, a 60 quilômetros de Fortaleza.

 

Fundada em 1963, a Esmaltec tem suas origens na produção de botijões de gás, que se mantém até os dias atuais. É controlada pelo grupo Edson Queiroz, o maior do Ceará. Além dos eletrodomésticos, o grupo tem negócios nos setores de comunicação, distribuição de gás, educação superior, agroindústria, bebidas e mineração. As sedes das empresas se espalham pela arborizada Praça da Imprensa, na região central de Fortaleza.

 

O plano para manter o crescimento dos últimos anos passa pelo atendimento aos anseios das cada vez mais exigentes classes C e D, público-alvo da Esmaltec. A superintendente da Esmaltec, Annette Reeves de Castro, diz que o desafio é oferecer produtos de qualidade a preços menores. Há ainda, observa, a preocupação com: design moderno, baixo consumo de energia e o bolso do cliente. Uma geladeira da Esmaltec custa, o modelo mais barato, R$ 699, e o mais caro, R$ 1.999. O fogão vai de R$ 199 a R$ 799 e o modelo único da máquina de lavar roupa, R$ 699.

 

"A aspiração das classes C e D é igual a de todas as outras. Hoje eles também querem um produto [com revestimento em] inox e um fogão de cinco bocas. Nosso objetivo é preencher essas aspirações com os nossos produtos. A geladeira inox, por exemplo, está crescendo muito", diz a executiva, que recentemente incorporou esse tipo de revestimento ao portfólio .

 

A empresa vai dobrar a produção de geladeiras, hoje em cerca de 400 mil unidades por ano, equivalente a 5% do mercado nacional. O número de funcionários, que hoje é de 3 mil, pode subir para 3,7 mil ou 4 mil. Além dos modelos domésticos, a Esmaltec aposta nos refrigeradores comerciais, cuja demanda também está aquecida. Segundo Annette, ainda há muita área disponível para expansões em Maracanaú, onde a visita às linhas de produção rende boa caminhada.

 

Inglesa de Huddersfield, a 300 km ao norte de Londres, Annette chegou ao Ceará em 1983, após casar-se com um brasileiro. Formada em comércio exterior, começou a trabalhar na Esmaltec poucos meses depois, a convite de um cunhado, na época em que a empresa iniciava a exportação de fogões. Vinte e oito anos depois, já como principal executiva da empresa, tem agora a missão de manter vivo o mercado externo da Esmaltec, distribuído entre América Central, América do Sul, África e Rússia.

 

A desvalorização do real e a concorrência de produtos asiáticos vêm comprometendo a viabilidade das exportações. Há dois anos, as vendas externas representavam algo em torno de 15% do total. Hoje fica entre 8% e 9%. "Hoje estamos atendendo apenas os clientes que conquistamos até agora, e reduzindo em cada um deles, na medida em que não conseguimos atingir as margens que precisamos. É lamentável. O tamanho do sacrifício foi muitas vezes maior do que aquele que podíamos absorver. E as perspectivas não são boas, pois a agressividade dos asiáticos nessas regiões é muito grande", diz ela.

 

O faturamento da Esmaltec referente a 2010 deverá ficar em linha com o exercício anterior, quando somou R$ 683 milhões. O bom primeiro semestre, ainda com os efeitos do IPI reduzido, foi compensado por uma queda na segunda metade do ano, orientada pelas vendas maiores da linha marrom, em virtude do saldão pós-Copa do Mundo.

 

O lucro deve cair algo em torno de 5%, segundo projeções de Annette. Além das exportações em crise, a empresa sofreu pressões de custos das matérias-primas, com destaque para o aço. A maior pressão, porém, veio das fusões entre as grandes varejistas nacionais, que se aproveitaram do novo porte para barganhar vantagens com as fabricantes.

 

Veículo: Valor Econômico


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