O novo formato do varejo brasileiro de eletrodomésticos, após as fusões que marcaram o noticiário econômico em 2010, está tirando o sono dos fabricantes. Não bastassem as já tradicionais barganhas de preços, resultantes do maior volume de encomendas, o rearranjo logístico das novas gigantes do varejo está gerando custos adicionais, segundo informou a superintendente da Esmaltec, Annette Reeves de Castro.
De acordo com Annette, 70% do mercado nacional de linha branca está nas mãos de três grupos: Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar, Ponto Frioe Casas Bahia), Máquina de Vendas(Insinuante, Ricardo Eletro e Center Lar) e Magazine Luiza/ Lojas Maia. "Esse volume de compras eleva consideravelmente o poder de barganha. A gente tenta montar um mix de produtos que prejudique o mínimo possível as nossas margens", explicou a executiva.
Ela diz que as fusões resultaram em sérias dificuldades logísticas para a indústria, uma vez que as varejistas estão unificando seus centros de distribuição, em busca de sinergias operacionais. Diante disso, ficou mais complicada e custosa a entrega das encomendas.
"Neste ano (2010) a gente viu várias redes de varejo com fila, pois não tinham estrutura logística para receber (as encomendas). Meu caminhão fica na fila e meu custo logístico sobe", diz Annette. "Sabemos que as empresas fazem fusão para gerar sinergia. Eu diria que a gente teve um maior custo logístico e teve um achatamento de margem entre 5% e 10%. A cadeia está comendo, a cada dia mais, o resultado da indústria".
Outro distribuidor de eletrodomésticos do Nordeste, que preferiu não ter seu nome publicado, reforça a tese. Segundo ele, as fusões reduziram o número de pontos para a entrega das mercadorias, o que tem gerado problemas de ordem logística. Ele lembra, porém, que as fusões não foram as únicas responsáveis pela situação. "A estrutura logística, em geral, não cresceu no mesmo ritmo do mercado, do número de novas lojas abertas", explicou. (MC)
Veículo: Valor Econômico