Com algodão em alta, raiom volta

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A alta dos preços do algodão começou a dar um ar retrô às passarelas: o raiom está de volta.

 

O algodão subiu 91% em 2010, o que forçou os estilistas e as confecções a buscar alternativas mais baratas. Um de seus substitutos favoritos é o raiom, a "seda artificial", um tecido criado há 80 anos que teve uma época de ouro pela última vez na década de 80.

 

O principal ingrediente do raiom, uma substância conhecida como celulose dissolvida, está com enorme demanda, o que dá um impulso às ações de empresas que tradicionalmente acompanhavam a atividade da construção civil e dos custos do papel imprensa.

 

O resultado do renascimento do raiom são enormes ganhos para as ações das canadenses Fortress Papere Tembece da americana Rayonier. A ação da Fortress mais que dobrou nos últimos seis meses, enquanto a da Tembec deu um salto de 140% e a da Rayonier subiu 22%.

 

A produção mundial de celulose dissolvida, que é também usada em filtros, filmes protetores e fraldas, cresceu cerca de 25%, para 5,2 milhões de toneladas, desde 2008, segundo a Tembec. Analistas de corretoras dizem ver mais potencial de ganho para essas empresas.

 

"Em geral, tentamos encontrar alternativas ao algodão sempre que possível", diz Sera Coblentz, que desenvolve roupas para a Meryl Diamondde Nova York. "Todo mundo tinha [o raiom] em suas linhas da última temporada."

 

Confecções como Max Azria e Isaac Mizrahi começaram a acrescentar o raiom em todo tipo de roupa, de vestidos a calças harém. Embora o custo do raiom mais comum tenha subido recentemente, ele ainda é relativamente barato, a US$ 2,15 por metro, em comparação com US$ 3,66 por metro de tricoline, diz Coblentz.

 

O efeito colateral sobre as fabricantes de roupas só se tornou pronunciado nos últimos meses, quando o preço do raiom também deu um salto. Sonya Yi, gerente de produção da confecção Chris & Carol Apparel, de Los Angeles, diz que agora compra raiom a US$ 5,95 por quilo. No ano passado, pagava um mínimo de US$ 3,52.

 

O resultado final para as pessoas é que o preço das roupas está subindo, mesmo quando se substituem tecidos por opções mais baratas. "No começo absorvemos a alta", disse Ira Spiegel, da Dollhouse Apparel, confecção nova-iorquina de roupas para adolescentes. "Agora estamos tentando repassar metade disso para o varejista."

 

Os preços não dão sinal de que vão recuar devido à forte demanda da Ásia, onde uma classe média emergente gosta do tecido, disse o presidente da Rayonier, Lee Thomas. A fibra sintética "seca melhor que o algodão puro e é melhor ao tato que o poliéster", o que aumenta seu apelo em lugares de clima quente, disse ele.

 

Pela primeira vez em tempos recentes, a demanda por celulose dissolvida ultrapassou a oferta e os compradores estão lutando para fechar seus pedidos, disse Peter Vinall, presidente da divisão de materiais especializados da Fortress. Isso reflete uma alta também na celulose dissolvida, que subiu de US$ 1.550 a tonelada 12 meses atrás para US$ 2.350 por tonelada.

 

A Fortress está gastando mais de US$ 120 milhões para reformar uma usina que ela afirma que produzirá 200 mil toneladas de celulose dissolvida anualmente. Compradores chineses já compraram 156 mil toneladas desse total.

 

A Tembec fabrica cerca de 300 mil toneladas de celulose dissolvida por ano e prevê uma alta de US$ 200 no preço por tonelada a partir deste mês, disse o presidente, James Lopez, numa teleconferência em novembro. Sediada em Quebec, a empresa está emergindo de uma década de cortes de custos e reestruturação de dívidas que a deixaram bem posicionada para aproveitar a alta, disse Stefan Lingmerth, analista da Phoenix Investment, que tem ações da Tembec.

 

O raiom proporcionou um lucro bem-vindo para a Tembec. Em 2008, a empresa reestruturou US$ 1,2 bilhão em títulos e ano passado ela diminuiu suas dívidas em US$ 200 milhões. Lingmerth disse que a ação da empresa é negociada atualmente a uma proporção de 3,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e um custo de amortização de US$ 180 milhões. A média do setor é de 5 vezes.

 

A Rayonier produz apenas uma variedade de celulose dissolvida, que não é usada para produzir raiom e sim filtros de cigarro, telas finas de TV e espessantes de tinta. A firma, que investe em plantações de árvores, ainda se beneficia do frenesi do raiom, embora apenas porque os concorrentes estão saindo de seu mercado e vendendo para as tecelagens, disse Thomas.

 


Veículo: Valor Econômico


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