Transporte de carga: Valor do reajuste na próxima semana

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Além de perder competitividade, o setor industrial pode engavetar projetos com o aumento dos custos.

 

Caso seja confirmado, o reajuste do frete ferroviário estimado em até 25% deve diminuir significativamente a competitividade dos principais segmentos da indústria brasileira. Podendo, inclusive, causar a redução dos investimentos programados pelas empresas no médio prazo, de acordo com o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Luiz Henrique Baldez.

 

Para tentar diminuir o valor, ele afirmou que pretende se reunir com a diretoria da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) até a próxima semana. "Uma alta de até 25% é inexplicável, já que no ano passado não houve nenhum fator que onerasse o transporte neste nível. Os custos do setor aumentaram apenas 6%, o que nos leva a questionar um aumento tão expressivo", afirmou.

 

Segundo Baldez, a produção de soja será um dos setores industriais mais afetados. "Há enorme produtividade no campo, mas em função dos altos custos com logística, que encarecem em demasia o preço, o grão nacional perde grande parte da capacidade de competir no mercado externo. Outras atividades industriais, como a produção de açúcar, cimento, celulose e as pequenas mineradoras também sofrerão em virtude dos gastos com o transporte ferroviário", explicou.

 

"As despesas para o escoamento da produção pelo modal criam um ciclo permanente de danos. A falta de competitividade faz com que os produtores nacionais tenham de absorver parte dos custos para retomar algum espaço no cenário internacional. Desta forma, não sobram verbas para que sejam feitos aportes em infraestrutura e aumento da capacidade produtiva, elevando ainda mais os preços e fazendo com que a indústria perca a chance de se moderniza. Diante da atual conjuntura econômica, em que o real sobrevalorizado dificulta ainda mais as transações comerciais externas, um reajuste deste porte no frete pode ser devastador", lamentou Baldez.

 

Na avaliação do presidente da Comissão Técnica de Cereais da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ma Tiem Min, os grandes prejudicados serão aqueles que estão na base da cadeia produtiva. "As margens de lucro dos produtores de soja, por exemplo, ficarão seriamente comprometidas. A precificação do grão leva em conta os custos com os portos e o frete. Estas despesas são revertidas em descontos para as companhias responsáveis pelo despacho da produção, ou seja, os atravessadores não serão impactados pelo reajuste. O produtor terá de absorver integralmente o aumento", disse.

 

Já o diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça, informou que ainda não foi procurado pela Anut. "Mas acredito que uma reunião entre as entidades para discutir a questão é saudável", disse. No entanto, ele afirmou que a ANTF não tem nenhuma influência sobre o valor dos reajustes, que seria estabelecido exclusivamente pelas concessionárias. "Não fixamos preços nem reajustamos tarifas, isso cabe apenas às empresas administradoras. Por isso, não opinamos sobre o tema", argumentou.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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