Venda de antibióticos com receita é positiva, mas os brasileiros não têm acesso fácil e ágil a uma consulta médica.
Um ano de 2011 promissor para todo o País. Desde 1° de janeiro, temos a primeira mulher ocupando o cargo de presidente da República no Brasil, enquanto governadores, deputados e senadores assumem ou reassumem seu posto.
Os ventos parecem soprar a favor, com uma economia sólida e estruturas econômicas alinhadas.
Mas você sabe o que nossos representantes políticos pretendem colocar em prática em prol do setor farmacêutico e do acesso aos medicamentos?
O mercado é de extrema importância não só para a sociedade, uma vez que lida com bens de primeira necessidade, mas também para a economia.
Segundo estudo da IMS [Intercontinental Marketing Services - nota do editor] Health e da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), o movimento de vendas anuais deste mercado supera os R$ 30 bilhões.
Mas qual deverá ser o caminho trilhado por este segmento neste ano que começa?
O que esperam indústria, atacado e varejo do novo ano?
Em quais frentes deverão focar seus negócios a fim de continuar exercendo um trabalho de excelência na produção, distribuição e venda de medicamentos?
Tendo em mente que a saúde no País carece de mais atenção, esperam-se com afinco melhorias nas políticas de saúde pública, e consequentemente mais facilidade no acesso por parte da população.
Desde o dia 28 de novembro de 2010, a venda de antibióticos no Brasil só pode ser feita mediante apresentação de receita médica.
A medida da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária - nota do editor], que tem como propósito evitar a automedicação, na teoria é correta.
No entanto, no mundo real, é preciso lembrar que os brasileiros não têm acesso fácil e ágil a uma consulta médica.
É preciso, em primeiro lugar, organizar o setor de saúde para garantir aos pacientes o acesso ao médico e à receita.
Somente depois de organizado o setor é que se pode pensar em restringir a venda de medicamentos.
Com certeza o maior acesso ao sistema de saúde, e consequentemente, aos medicamentos, forçará uma profissionalização ainda maior da distribuição farmacêutica.
A carga tributária aplicada sobre os remédios é outro tema que merece análise.
Atualmente, os impostos aplicados no Brasil chegam a 36%, um dos índices mais altos do mundo.
A média mundial do setor é muito mais baixa: 3,6%.
Países como Colômbia e México têm zero de carga tributária sobre medicamentos.
Outros, como Suécia e Inglaterra, têm isenção de impostos para alguns medicamentos.
Essa elevada tributação nos remédios no Brasil aumenta o preço máximo do produto ao consumidor final, onera as empresas que mais contribuem, acirra a guerra fiscal e incentiva a sonegação, porta de entrada dos medicamentos roubados e falsificados e ameaça real à saúde pública.
Entretanto, a mobilização das entidades setoriais pode garantir um marco para o segmento com a implantação do Sistema Nacional de Rastreamento de Medicamentos.
Esse sistema foi alvo da Instrução Normativa 11/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 3 de novembro.
Depois de estudos, análises e teste em um projeto piloto, a partir de 2011 as caixas de remédios passaram a ter um selo de segurança para atestar sua autenticidade.
Além disso, as farmácias contarão com leitores óticos, para o consumidor visualizar as informações da procedência do medicamento que está adquirindo.
Com o rastreamento dos medicamentos da saída do laboratório às mãos do paciente, todas as partes do setor terão benefícios.
A indústria ganhará porque não será prejudicada com a falsificação de remédios, o atacado não sofrerá mais com o roubo de cargas e o varejo não terá mais prejuízos.
Para o consumidor a medida é benéfica porque significa mais segurança na hora da compra.
Acredito que a rastreabilidade será o trunfo do setor nos próximos meses, reforçando a previsão de que o ano de 2011 será repleto de bons resultados.
Este ano com certeza será pontuado pela percepção dos primeiros resultados e primeiras consequências desta nova tecnologia.
Veículo: DCI