O comércio varejista fecha o mês de janeiro em alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e quem saiu na frente e conseguiu que o consumidor abrisse mais a carteira foi o setor de vendas de material de construçã , que obteve uma expansão de 15% .Segundo dados do Serasa Experian, em seguida vieram as lojas de móveis, eletroeletrônicos e informática, com expansão de 10,4%. O único segmento que registrou variação anual negativa em janeiro foi o de tecidos, vestuário, calçados e acessórios, de 1,4%. A pesquisa reforçou que as fortes chuvas ocorridas na Região Sudeste podem ter atrapalhado as vendas da moda de verão no mês passado.
De acordo com o professor de Marketing da Universidade de São Palo (USP), José Lupoli Júnior, o segmento de material de construção deve se manter em alta nos próximos meses. "As pessoas estão cada vez mais focadas em conseguir alcançar o sonho da casa própria e quem já a tem quer fazer uma reforma. Isso acontece devido ao aumento do poder de compra do consumidor e ao baixo nível de desemprego do País", explica o professor. Porém o mesmo resultado ficou abaixo dos 11,2% de novembro e dos 12,8% de dezembro. Para o Lupoli este acontecimento é normal e se deve a ressaca do próprio mercado de consumo que obteve ganhos altos nos meses de novembro e dezembro devido a alto do poder de consumo do País e a data sazonal.
" É comum os meses de janeiro e fevereiro terem números mais baixos do que meses anteriores pois é a época em que o brasileiro tem impostos como Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos (IPVA) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) a mais", disse.
Conforme os economistas da Serasa, a adoção das medidas de restrição ao crédito e o início do processo de aumento da taxa básica de juros (taxa Selic) deverão fazer com que, em 2011, o varejo exiba crescimento positivo em sua atividade, porém a taxas mais moderadas do que as verificadas ao longo de 2010.
Em alta
Para atender a demanda crescente, a Casa & Construção (C&C) está passando por uma reformulação para seguir as tendências do mercado. Um exemplo é que sua filial da Giovani Gronchi, na capital paulista, já conta com uma franquia do Café Suplicy que tem o intuito de manter o cliente mais tempo da loja para escolhe com mais tranquilidade os produtos que precisam ser comprados para o lar.
A concorrente do segmento a Dicico também vai aproveitar está alta e tem a previsão de abertura de 11 lojas próprias este ano, a rede varejista de material de construção Dicico almeja para 2011 um crescimento no faturamento acima de dois dígitos. Segundo o diretor de Marketing da rede, Cláudio Fortuna, o objetivo em 2011 é faturar cerca de R$ 1 bilhão, ante o obtido em 2010, cujo faturamento pré-calculado até o momento é de R$ 850 milhões. "Para isso, vamos investir em campanhas de mídia e benefícios para os nossos clientes", afirmou o porta-voz.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, o setor está aquecido e as expectativas são bastante positivas. "Em 2011 um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para mais de 4,5% esperamos crescer 11%. Terminamos 2010 com mais de 900 mil unidades do 'Minha Casa, Minha Vida' contratadas e outras coisas ainda estão por vir", disse Conz.
O porta-voz ainda destaca que este ano o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido deve continuar até o final do ano de 2011, o que deve auxiliar positivamente a continuidade da alta do setor.
Perspectivas
De acordo com o professor do Centro de Excelência em Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Maurício Morgado, a perspectiva é de que o varejo continue a crescer.
"O varejo continuará crescendo, entretanto, em um ritmo menor do que em 2009 e 2010, logo seu resultado ficará na casa de um dígito durante o ano de 2011. Entre os setores, os que mais contribuirão para essa alta serão aqueles ligados a imóveis como material de construção, eletrodomésticos, móveis e decoração", destaca o professor.
O professor aconselha que a internet pode ser um aliado ao varejista. "O varejista que usar a internet como ferramenta de comunicação e venda, aproveitando as redes sociais, aumentará as suas vendas", indica.
Ele também afirma que os mêses de janeiro e fevereiro contam com a alta das vendas do material escolar.
"Estes meses as pessoas compram mais estes itens, o que também se reflete de maneira positiva no setor e mas dificulta a mensuração dos dados", explica.
Veículo: DCI