Agências criam negócios na internet

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Empresas de publicidade bancam projetos online para atrair anunciantes para a rede

 

Fazer dinheiro com as operações de propaganda na internet tem sido uma tarefa difícil para as agências de publicidade. Para convencer os anunciantes a aumentar suas apostas na plataforma, algumas delas resolveram arregaçar as mangas e empreender outros voos para movimentar essa opção de mídia. A Fischer+Fala! está bancando um projeto que pretende atrair talentos via web e reverter suas ideias em negócios. A Santa Clara embarcou num serviço de música digital com a gravadora Som Livre pelo qual vai ser remunerada por volume de vendas.

 

O montante aplicado na internet na divulgação de mensagens publicitárias se limita a 5% do bolo publicitário. A segmentação do meio - que dispersa audiência com seus inúmeros sites, blogs e agregadores - é o maior problema. Afasta empresas que querem falar com milhões de forma rápida. A internet se mostra campo atraente para os pequenos anunciantes, sem bala na agulha para pagar anúncios em televisão. O Google cresceu vendendo links patrocinados. Estratégia que o badalado Facebook repete. Mais de 60% da receita da rede social - estimada pelo eMarketer em US$ 1,87 bilhão no ano passado - veio de empresas de pequeno porte.

 

Até mesmo no Brasil, proliferavam as agências online, especializadas em desenvolver ações para a internet. Hoje, boa parte delas virou um departamento do modelo tradicional de agência. Com uma banda larga restrita para a internet, o País tem um serviço lento e caro, o que faz com que as mídias tradicionais continuem reinando, mesmo que o avanço da era digital seja inevitável a médio prazo.

 

Laboratório. Publicitários em geral adoram envelopar suas ações com nomes sonoros que embutam charme. Por isso mesmo, a Fischer+Fala! lançou o Upload FF, seu "laboratório colaborativo de tecnologia". Na prática, é uma rede social que pretende se transformar em uma plataforma em que os participantes possam depositar ideias criativas. A promessa é transformar essas ideias em negócios.

 

Não faz muito tempo, surgiram no mercado modelos de sites que agregam profissionais de criação, seja para a produção de filmes publicitários, seja para buscar soluções de design para empresas. Tudo é feito online. As peças escolhidas para serem utilizadas em uma campanha comercial ganham o contrato do anunciante após seleção dos trabalhos e o site que organiza a participação dos colaboradores recebe uma comissão.

 

Pedro Porto, coordenador de convergência da Fischer+Fala!, defende que o espírito do que está apresentando agora é bem diferente: "Ao contrário desses sites colaborativos, nós estamos investindo num espaço aberto de exposição de ideias, como se fôssemos marchand de uma produção artística sem fins lucrativos. Pode ser que um cliente veja a proposta exposta ali e queira usá-la, mas não é essa a finalidade", diz ele.

 

Vale qualquer ideia, desde que as propostas unam tecnologia e interatividade. As proposições terão "curadoria" da agência e os melhores projetos podem ser viabilizados pela agência até o fim de 2011. A intenção é pôr quatro deles de pé. É uma aposta da agência no que Porto define como "propaganda contemporânea". "É lógico que nossos concorrentes podem se inspirar em algo que for desenvolvido lá. Há risco nisso. Mas acreditamos que temos uma equipe treinada para aproveitar o material mais rápido do que eles", diz.

 

O UploadFF tem canal exclusivo no YouTube, onde serão exibidos vídeos das ideias mais inovadoras, e um perfil no Twitter (@uploadFF). Há ainda uma página no Facebook, onde os participantes poderão conhecer projetos já desenvolvidos como referência. Um deles é o The Slow Down App, um aplicativo de iPhone que desacelera a música quando o motorista ultrapassa o limite de velocidade.

 

Som pago. Na Santa Clara, como explica o sócio-diretor de planejamento Ulisses Zamboni, a opção por movimentar negócios na internet envolve parceria com a gravadora Som Livre. Nomeado de "Movimento Escute", a campanha que lança o serviço quer convencer os consumidores a pagarem para baixar arquivos de música.

 

"Os fãs têm de se conscientizar de que precisam dar suporte aos artistas de que gostam, além de pagar ingressos no show", diz ele. "A pirataria está acabando com o negócio fonográfico. O site de serviços para baixar digitalmente terá mais de 3,2 milhões de músicas com preços acessíveis. É uma forma de moralizar esse mercado e incentivar a produção artística com pagamento de direito autoral."

 

A Santa Clara entrou como parceira na investida e vai ser remunerada pelos volumes de venda. Zamboni explica que é difícil gerar receita com a internet que cubra os custos da agência: "Participar de negócios pode ser um caminho neste momento."

 

A comunicação para divulgar o "Movimento Escute" será por meio de uma série de shows interativos na internet de cantores ou bandas como Gilberto Gil, Capital Inicial, Pitty, Restart e Luan Santana. Com o slogan "o som é livre", a campanha terá o acervo musical de várias gravadoras para download e streaming, tudo em um mesmo local e por diferentes modelos de assinatura.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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