Mesmo com o recente decreto do governo federal que deve banir do mercado as tradicionais lâmpadas incandescentes até junho de 2016, a única empresa fabricante do produto no País, a Osram- braço da multinacional alemã Siemens, afirma estar em plena produção. Diferente da indiana Sylvania que, após o fechamento de sua fábrica no Brasil, importa as lâmpadas de países da Ásia e projeta crescimento de 40% nas vendas das compactas eletrônicas para este ano.
Segundo o diretor de Marketing da Osram, Marcos Ellert, dos produtos comercializados pela empresa no País, 50% é proveniente de importação, sendo o restante de produção local. "Não vamos diminuir nossa produção. Hoje nosso maior volume ainda é representado pelas lâmpadas incandescentes" afirma. A Osram é líder no mercado das lâmpadas incandescentes no País, com produção de 300 milhões de peças por ano e faturamento global de 4,6 bilhões de euros.
Já o presidente da Sylvania, Pedro Queiroz, que já teve duas fábricas no Brasil, diz que a companhia já vinha se preparando para a migração das lâmpadas incandescentes pelas compactas eletrônicas. "Hoje pouco mais de 15% do nosso faturamento corresponde às lâmpadas incandescentes, já as compactas representam 25%", explica Queiroz. Para ele, ainda é cedo para dizer se a nova medida irá trazer benefícios para a indústria. "É difícil afirmar, pois o ticket médio aumenta no curto prazo, já que as eletrônicas são até quatro vezes mais caras que as incandescentes mas, em médio prazo, a reposição será menor, pois a durabilidade das fluorescentes é oito vezes superior", explica ele.
A Sylvania, que foi adquirida em 2007 pelo grupo indiano Havells, desativou sua fábrica na capital paulista e passou a importar o produto da China. Mas planeja voltar ao País com uma planta fabril. "Estamos estudando a possibilidade e avaliando projetos. Acredito que, dentro de dois a três anos, podemos voltar a operar já com fabricação local", conta Queiroz. Ele diz que o negócio deve se dar por meio de aquisição de alguma fábrica menor e com foco em produtos elétricos, segmento que garante a empresa a liderança no mercado indiano.
A projeção de crescimento da empresa é de 40% este ano, com faturamento de R$ 110 milhões. Globalmente, presente em mais de 50 países, a fabricante indiana fatura cerca de US$ 2 bilhões. De acordo com o executivo, o Brasil foi a filial de maior crescimento no ano passado, o que justifica o interesse da companhia em voltar a produzir aqui.
Nos últimos cinco anos, as vendas de lâmpadas fluorescentes compactas eletrônicas (CFL) cresceram 20% ao ano, com a contribuição do "apagão" que aconteceu no País em 2001. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação, Carlos Eduardo Uchoâ, a medida não contribui com o meio ambiente, e a indústria. "Não iremos nadar contra a maré, seguiremos as leis. Mas o que precisamos é de uma política industrial para estimular as empresas do nosso setor" afirma Uchoâ.
Segundo ele, até 2014 as empresas terão de parar a fabricação das lâmpadas incandescentes. Para colocar o Brasil na rota das fabricantes, Uchoâ crê ser necessário um plano nacional da indústria de iluminação. Projeto este que prevê medidas como: incorporação tecnológica; inserção global do País; isenção tarifária de importação de componentes, entre outras.
Cenário
Mesmo com o cenário atual, a entidade do setor projeta um crescimento para o setor de mais de 10% em 2011. Das quatro grandes multinacionais que operavam no mercado - a norte-americana General Electric (GE), a holandesa Philips, a indiana Sylvania - apenas a alemã Osram ainda mantém fábrica no País.
Veículo: DCI