Alta nos custos de matérias-primas impacta no setor têxtil

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As coleções de cama, mesa, banho e confecções chegam mais caras nas lojas nesta temporada. Os aumentos devem ficar entre 20% e 45%, dependendo da matéria-prima. Quanto mais algodão na composição dos tecidos, maior deve ser o percentual, já que a commodity teve uma alta de 270% em 12 meses, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), divulgadas ontem, durante a Texfair Home, Feira Internacional de Produtos Têxteis para o Lar, que acontece até 25 de fevereiro em Blumenau (SC). Para se ter uma ideia, o quilo da fibra de algodão passou de R$ 2,50 para R$ 7,50 a R$ 8,00 do início de 2010 para este começo de ano e, em dólares, atingiu um patamar de preço histórico em 140 anos na bolsa de Nova Iorque.

 

Apesar do número expressivo, empresários não falam em retração, mas desaceleração do crescimento. "Deve haver uma redução de consumo em um primeiro momento, mas o mercado tende a se readequar", explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn. Isso porque a safra que começa a ser colhida no Brasil está estimada em 2 milhões de toneladas, quase o dobro da anterior, o que pode reduzir em parte os preços, estimados para ficar entre R$ 6,00 e R$ 6,60 o quilo.

 

A expectativa é que a expansão do varejo, que foi de 10% em 2010, não ultrapasse 6% este ano. Neste índice, além da desaceleração da economia, os especialistas já contabilizam as possíveis perdas nas vendas em função do aumento de preços dos itens do setor têxtil.

 

O problema não é exclusivo do Brasil. A commodity se valorizou em nível mundial com a queda nos estoques. No País, o problema se agrava em função da menor competitividade da indústria - leia-se as dificuldades históricas de carga tributária e custos trabalhistas - e dos embarques da matéria-prima. Em um contrassenso, exportamos algodão, principalmente para a China, maior produtor de confecção mundial, e importamos o mesmo item, já que a produção brasileira destinada ao mercado interno foi insuficiente em 2010.

 

Para driblar essas dificuldades, a Abit, de comum acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) está a desoneração de 250 mil toneladas de fibra de algodão. A pauta, apresentada à Câmara de Comércio Exterior (Camex) foi aprovada e zerou a alíquota de 10% na importação do produto no período de outubro de 2010 a maio de 2011.

 

Mas outras medidas são necessárias. O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, destaca uma série de demandas entregue ao governo federal, como a formação de estoques, que foram zerados para compensar a falta de matéria-prima, desonerações emergenciais em função do impacto dos preços e o financiamento para capital de giro das empresas. Essa readequação não será indolor. Mesmo sem um raio-x sobre a situação financeira das indústrias, a Abit e o Sintex estimam que algumas empresas podem ter sérias dificuldades.

 


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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