Uma empresa fora da caixa

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A venda dos medicamentos sem marca vai atingir US$ 212 bilhões no mundo em 2014. Saiba por que a Bayer nada contra essa maré.

 

A fabricante de medicamentos inglesa AstraZeneca fez um acordo de distribuição com a indiana Torrent Pharmaceuticals. A britânica Glaxo SmithKline comprou 16% da sul africana Aspen Pharma.

 

O grupo francês Sanofi-Aventis pagou R$ 1,5 bilhão pela brasileira Medley. E a americana Pfizer gastou US$ 400 milhões por uma fatia de 40% na também brasileira Teuto. Em comum, esses gigantes da indústria farmacêutica investiram em empresas que apostam em medicamentos genéricos. Esse interesse é facilmente compreendido.
 
 
 
As vendas de remédios sem marca devem gerar negócios de US$ 212 bilhões em 2014, segundo projeções da consultoria americana IMS Health. Nos próximos quatro anos, o crescimento médio anual dessa área deve ser de 11% ao ano.


 
Setores como medicamentos com marca ou similares devem ter uma expansão média de 5,3% ao ano. Apesar disso, há ao menos uma grande companhia farmacêutica que é uma estranha neste nicho. E por opção.


 
É a Bayer HealthCare, divisão farmacêutica da alemã Bayer, que fatura 11 bilhões de euros e tem 38 mil funcionários mundialmente. “Apostamos em dois pilares para crescer: inovação e o poder natural de expansão nos mercados emergentes, com foco na China e no Brasil”, disse Andreas Fibig, presidente mundial da Bayer HealthCare Pharmaceuticals, à DINHEIRO.
 
 
 
Trata-se de uma aposta arriscada. A descoberta de um novo medicamento pode levar entre dez e 12 anos até chegar ao mercado, segundo a Bayer, que investe entre 15% e 17% das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento, a cada ano. O custo de P&D é da ordem de bilhões de euros para cada medicamento descoberto e colocado no mercado.
 


E mais: de cada dez mil substâncias, apenas uma vai se transformar em um remédio que chegará às gôndolas das farmácias. Tome como exemplo o anticoagulante Xarelto, da Bayer. Lançado em 2010, ele consumiu investimentos de 2 bilhões de euros. Mas essa estratégia tem suas compensações. Líderes de vendas da Bayer como o Avalox, para tratamento de doença pulmonar crônica, e o Nexavar, para câncer de rim e fígado, rendem entre e 500 milhões e e 700 milhões por ano à companhia. Desde que foram lançados, em 2000 e 2005, respectivamente, eles já geraram e 8,5 bilhões aos cofres da farmacêutica alemã.
 


“Preferimos ser melhores em inovação”, diz Theo van der Loo, que assumiu em janeiro a presidência da subsidiária brasileira, depois de passar pela filial espanhola da companhia. “O mercado de genéricos está se consolidando e há muita concorrência  nessa área.”
 


Com o objetivo de reforçar sua estratégia, a Bayer anunciou um investimento de e 8 milhões na área de pesquisas da subsidiária brasileira – o dobro do volume aplicado em 2010.
 
 
 
Oncologia, doenças femininas e cardiologia são algumas das prioridades dos pesquisadores brasileiros. O primeiro deles é um dos segmentos em que há ainda grande espaço para descobertas de cura, acredita Marcos Macedo, diretor da consultoria IMS Health para a América Latina.
 


Em sua opinião, o investimento em inovação só dará retorno para os que apostarem suas fichas em áreas carentes de alternativas para tratamento, como é o caso do mal de Parkinson, Alzheimer, hepatite, artrite reumatoide e doenças raras.
 


“As pessoas estão dispostas a pagar o que for para se curar”, diz Macedo. Uma descoberta importante em algum desses nichos poderá gerar lucros para a empresa durante 20 anos – o tempo que dura uma patente.
 


Além de fortalecer a área de pesquisas, a Bayer vai também ampliar sua presença no interior do País por meio da contratação de mais propagandistas, que visitam consultórios médicos levando informações dos produtos da companhia.
 


Atualmente, a companhia conta com 600 profissionais atuando nessa área no Brasil. Até 200 novos pesquisadores podem ser contratados. “Ainda estamos estudando essa estratégia e sua implementação depende de uma série de fatores”, diz Loo.

 


Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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