Vicunha investe para ganhar competitividade no exterior

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Para ganhar competitividade no exterior, a Vicunha Têxtil, líder na produção de índigo e brim na América Latina e uma das três maiores fabricantes do mundo, aposta em plataformas industriais fora do País. Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Vicunha Têxtil, José Maurício D'Isep, com a valorização do real, a balança comercial do setor deve seguir tendência deficitária para os próximos dois anos. "Mesmo assim, precisamos atender nossos clientes fora do Brasil. Além disso, buscamos penetração no mercado europeu, norte-americano e na América Latina. Estamos analisando, por exemplo, as possibilidades de fabricação própria na Colômbia e México, visando ao mercado de confecção norte-americano", afirma D'isep.

 

Segundo o executivo, a companhia, que não vinha apresentando bons resultados nos últimos anos, conseguiu alavancar seus negócios ao se concentrar na produção de índigo e brim, assim como no fortalecimento da estratégia de internacionalização da empresa. Em 2010, a Vicunha registrou lucro líquido de R$ 70 milhões, uma melhora significativa de desempenho se comparado ao mesmo período de 2009, quando apresentou um prejuízo de R$ 5 milhões. A receita líquida consolidada alcançou R$ 884 milhões, crescimento de 26% em relação ao ano anterior (R$ 700 milhões).

 

Ações como a redução no índice de alavancagem financeira em 2010, decorrente de capitalização e do aumento de lucratividade dos negócios, se refletiram em bons resultados para a empresa. Para isso, a Vicunha tomou medidas como alienação do segmento de viscose para a empresa Vicunha Participações S.A. e para a WPAR Administração de bens; a alienação da produção de poliéster, a segregação dos imóveis não operacionais, em subsidiária integral e específica, possibilitando as vendas ou incorporações futuras desses imóveis.

 

Além disso, o executivo aponta que acordos tributários e câmbio favorável nos países Equador e Argentina são vistos como grandes oportunidades para redução de custo de produção e ganho de participação nos mercados externos. A planta da companhia no Equador é uma das maiores fábricas do mundo de índigo. A Vicunha investiu mais de US$ 25 milhões nesta unidade, desde o ano passado, o aporte termina este mês e capacitará a unidade a dobrar a produção, chegando a 20 milhões de metros lineares de tecido. "Com isto atendemos ao mercado europeu", conta o diretor da Vicunha.

 

Como parte da estratégia de consolidar a internacionalização dos seus negócios na América do Sul, a empresa firmou acordo com o Grupo Ullum, da Argentina, que consiste no fornecimento da produção à têxtil brasileira. A planta produzirá índigo e brim para atender ao mercado local e também parte do consumo brasileiro.

 

De acordo com D'isep, caso a aquisição seja formalizada até 30 de junho, período máximo estipulado entre as partes, a Vicunha, por meio de sua subsidiária integral Brastex, será a controladora das empresas Tintoreria Ullum, Tejeduria Galícia e Tejeduria Panamá - unidades de tecelagem, tinturaria e acabamento do Grupo Ullum. O aporte na unidade será de US$ 40 milhões entre investimentos para o aumento da produção, modernização do maquinário e a aquisição. "Estamos em negociação com o governo local e analisando possíveis contingências administrativas para aquisição", enfatiza o executivo.Com a possível aquisição, a produção de aproximadamente 500 mil metros de índigo e brim ao mês saltará para dois milhões de metros. Além das negociações com o Grupo Ullum, a empresa analisa outras propostas de aquisições na América Latina, objetivando a consolidação no continente americano. O diretor Financeiro da Vicunha, afirmou ainda que, além do cenário desfavorável para exportação brasileira, os produtos chineses têm sido outro problema no setor. Para ganhar fôlego na disputa, D'isep aposta em grandes volumes de produção. "Vai sobreviver quem tem volume e base para se consolidar mercado, assim como nós estamos fazendo", disse ele. A meta da Vicunha é se tornar, nos próximos anos, uma multinacional brasileira, com boa distribuição geográfica e capacidade de produção.

 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit), o déficit da balança comercial do setor, no primeiro bimestre deste ano, chegou a US$ 395,7 milhões, crescimento de 69,1% em relação ao mesmo período do ano passado, onde o saldo era de US$ 233,9 milhões. As importações primeiro bimestre de 2011 foi de US$ 502,4 milhões, resultado 50% maior do que foi registrado no mesmo período de 2010.

 

Veículo: DCI


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