Genéricos vão segurar aumento nas farmácias

Leia em 3min 10s

Laboratórios anunciam que não reajustam preços de imediato, enquanto as drogarias garantem valores antigos nos estoques
 

O aumento dos preços dos remédios — que oficialmente começou no dia 31 de março, mas ainda não chegou às farmácias — vai esperar um pouco mais. Com a ajuda dos genéricos. Diversas redes de drogarias já confirmaram que vão segurar as altas autorizadas pelo governo. A Drogasmil congela tudo em até um mês. As farmácias Extra, da rede de supermercados, também anunciaram adiamento do reajuste, pelo menos, até o dia 20 deste mês. A Pacheco confirma que negociações garantirão a manutenção dos preços, especialmente os dos genéricos, que representam 30% das vendas de unidades.

O reajuste anual fixado pelo governo — de 4,7%, em média — atualiza a tabela de Preços Máximos ao Consumidor (PMC) de 19.260 apresentações, mas não acarreta aumentos automáticos. Os índices fixados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (6,01%, 4,77% e 3,54%) definem o teto de preços, que podem ser menores, mas não maiores do que o PMC autorizado.

Vice-presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini explica que o segredo é a concorrência. “Há cinco grandes fabricantes de genéricos e disputa nas prateleiras e compras no varejo. A concorrência faz o preço baixar. O mercado tem crescido bastante, há uma nova classe consumindo. Pessoas com novos empregos também têm acesso ao médico, ao plano de saúde e ao medicamento”, analisa. “O medicamento hoje é prevenção. Produtos de hipertensão são preventivos. Evitam acidentes vasculares e ataques cardíacos. O acesso é uma política pública. Hoje, há produtos perdendo patentes, permitindo a entrada de mais genéricos”, complementa.

Mussolini explica que, independentemente dos anúncios públicos de que preços não vão subir, o consumidor deve pesquisar. “Olhe o preço como um todo. Vá a uma ou duas redes de farmácias diferentes”, recomenda.

O corretor Luiz Carlos Pereira, 53 anos, é usuário de remédio para o estômago. “Custa R$ 206,78 e só dura um mês. Pesa mais de 10% no orçamento. Minha mulher também usa. É um dinheiro que a gente fica aborrecido de gastar”, conta.

Fim de patentes, dólar em baixa, estoque programado e concorrência ajudam

AVISO DOS LABORATÓRIOS

 

A distribuição das revistas da ABCFarma contendo os novos preços começa hoje, mas as farmácias se prepararam para fidelizar os clientes, segurando a alta, cada uma com sua estratégia. Na rede de drogarias Pacheco, o forte está nos genéricos. Os grandes laboratórios avisaram que não vão subir os preços. Não foi preciso nem negociar.

GENÉRICO - Essa é uma tendência que foi verificada nos últimos três anos. As empresas não repassam de imediato. O mercado foi ampliado, com acesso das classes C e D. A concorrência, especialmente entre genéricos, cresceu. Além disso, a queda no preço do dólar teria ajudado bastante, porque grande parte da matéria prima é importada. Em alguns casos, o genérico não tem o preço alterado desde 2010. A revista pode manter preços de alguns na íntegra.

EFEITO VIAGRA - Para o presidente da Associação do Comércio Varejista de Farmácias do Rio (Ascoferj), Luiz Carlos Marins, o efeito do genérico pode ser percebido nas vendas do Viagra. “Quando o prazo da patente do Viagra expirou, o preço caiu mais de 40%. O Amoxil, que hoje tem em várias versões, também é bastante acessível. O genérico consegue normatizar o mercado”, explica.

VOLUME - Marins lembra que muitas redes compraram volumes grandes e fizeram estoques, sabendo que o aumento viria em abril: “Assim, a gente consegue segurar o preço com o estoque antigo”.

 

Veículo: O Dia – Rio de Janeiro


Veja também

Inovação em jeans vai da China para os EUA

A Levi Strauss, fabricante dos jeans Levi's, deverá trazer de volta para o seu mercado de origem, os Estados Unid...

Veja mais
Estée Lauder tenta recuperar os milhões investidos na marca Ojon

No fim de 1990, um parente na América Central deu a Denis Simioni um jarro com uma papinha marrom que parecia dar...

Veja mais
Exportações brasileiras de milho neste ano ainda são incertas

Apesar de o Brasil estar ocupando posição de importância entre os países exportadores de milh...

Veja mais
Sharp suspende produção em duas fábricas japonesas de telas de cristal líquido para TV

A suspensão vai até o começo de maio. O objetivo é enfrentar a queda na demanda nacional por...

Veja mais
Marfrig anuncia duas joint ventures na China no valor de US$ 309 mi

A Marfrig Alimentos, dona da marca Seara, anunciou ontem, por meio de comunicado ao mercado, novos investimentos na Chin...

Veja mais
3corações compra Fino Grão por R$ 50 milhões

O Grupo 3corações, joint venture formada pela São Miguel Holding e o grupo israelense Strauss, anun...

Veja mais
Mais de 70% da lavoura de arroz do RS foi colhida

A colheita do arroz da safra 2011 segue de forma bastante intensa e adiantada em relação aos anos anterior...

Veja mais
Regras para trigo são adiadas e pão deve ficar mais caro

A entrada em vigor das novas normas de classificação do trigo brasileiro foi adiada para 1° de julho d...

Veja mais
Vendas da Páscoa movimentam lojas da 25 de março

Por conta da aproximação do feriado da Páscoa, algumas lojas da região da rua 25 de Mar&cced...

Veja mais