As vendas do Grupo Pão de Açúcar desaceleram

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Varejo: Crescimento no 1º tri é de 6,8% e no 4º trimestre foi de 11,5%

 

 O desempenho em vendas da maior varejista do Brasil no primeiro trimestre já demonstra o movimento de desaceleração do consumo. O Grupo Pão de Açúcar registrou receita líquida de R$ 7,8 bilhões no período, com alta de 11,9% sobre os primeiros três meses de 2010. Nessa conta entram as bandeiras comparáveis de período a período: os super e hipermercados Extra, Pão de Açúcar, CompreBem e Sendas; o "atacarejo" Assaí; as redes de móveis e eletroeletrônicos Ponto Frio e Extra Eletro, o Ponto Frio Atacado e os sites Ponto Frio.com e Extra.com.

 

Ao considerar o conceito "mesmas lojas" do grupo, o crescimento foi de 6,8% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. No quarto trimestre de 2010 o índice de crescimento havia sido de 11,5% e, no terceiro trimestre, 12,5% (sempre em comparação ao mesmo período dos anos anteriores).

 

"O índice de crescimento é cada vez menor", diz o analista Renato Prado, da Fator Corretora. O movimento atinge tanto as operações do GPA Alimentar (supermercados, hipermercados, postos de gasolina, drogarias e "atacarejos") quanto as de Globex, onde estão reunidas as bandeiras de eletroeletrônicos do grupo (sites, lojas físicas e atacado). "A expectativa é que haja desaceleração [no índice de crescimento do grupo] nos próximos trimestres, especialmente nas operações que dependem mais de crédito, como nas bandeiras de eletroeletrônicos", afirma Prado.

 

A receita de Casas Bahia não é comparável porque não foi informada a venda da empresa no primeiro trimestre de 2010 - a rede só foi consolidada no balanço da Globex a partir de novembro do ano passado. No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida da Casas Bahia foi de R$ 3 bilhões.

 

Sem Casas Bahia, a receita líquida de Globex alcançou R$ 1,8 bilhão, com alta de 44,9% sobre o primeiro trimestre de 2010. No parâmetro "mesmas lojas", no entanto, as vendas líquidas de Globex no período cresceram 10,5%. "No quarto trimestre de 2010, sobre o mesmo período de 2009, Globex sem Casas Bahia havia crescido 30% ", diz Prado. "O momento de euforia da economia já passou, mas a desaceleração está sendo gradual".

 

Para Rafael Cintra, da Link Corretora, em relação à Globex, a base de comparação está "distorcida" devido ao fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre linha branca, que vigorou até janeiro de 2010 e incentivou o consumo ao longo daquele primeiro trimestre.

 

"A restrição ao crédito deve causar maior impacto nas vendas da Globex só no segundo semestre", diz Cintra, para quem as mais recentes medidas governamentais para conter a inflação ainda podem levam alguns meses para serem absorvidas. "Mas a desaceleração no crescimento de GPA Alimentar continua, por conta da inflação dos alimentos".

 

Ontem, na divulgação da sua performance de vendas, o grupo afirmou que as vendas "mesmas lojas" do GPA Alimentar foram impactadas pela data da Páscoa. Em 2010, a celebração ocorreu no primeiro domingo de abril, o que incentivou o consumo em março, enquanto que, neste ano, a Páscoa acontece no último domingo deste mês. Sem esse efeito sazonal, as vendas líquidas de GPA Alimentar cresceriam 8%. No consolidado, no entanto, o aumento foi de 5,7%.

 

Na divulgação dos resultados, em 10 de maio, o grupo deve mostrar as vendas de janeiro a abril, para "neutralizar o efeito sazonal".

 


Acionista do Carrefour se opõe à reestruturação

 

Fiel a seu nome, o Carrefour está agora numa encruzilhada. A varejista francesa, segunda maior do mundo em vendas, está enfrentando oposição de acionistas a seus planos para dividir a empresa em três, desmembrando sua rede de descontos Dia e parte da sua carteira imobiliária europeia.

 

A batalha em torno do futuro do Carrefour coloca em oposição dois investidores ativistas de renome, armados com visões aparentemente divergentes sobre a melhor forma de criar valor para os acionistas, após anos de fraco desempenho, de acordo com várias pessoas bem informadas sobre a situação.

 

Em semanas recentes, o fundo ativista americano Knight Vinke, vem pressionando vigorosamente os planos de desmembramento. O esquema foi apresentado pelos acionistas dominantes do Carrefour, a Colony Capital dos Estados Unidos e o Groupe Arnault, braço de investimentos de Bernard Arnault, magnata francês do setor de artigos luxo, que detêm uma fatia de 14% do Carrefour e controla um quinto dos direitos a voto.

 

O fundo ativista construiu uma participação menor, recentemente revelada como pouco superior a 1%. Mas [esse fundo] espera usar sua influência na esteira de suas campanhas em outras batalhas envolvendo acionistas e conseguir agregar suficiente apoio de investidores para impedir uma reestruturação do Carrefour, sobre a qual os acionistas deverão votar em junho.

 

Segundo a proposta de reestruturação da varejista francesa, a rede Dia seria desmembrada e entregue a atuais acionistas do Carrefour e suas ações passariam a ser negociadas em Madri, provavelmente avaliadas na região de € 3 bilhões a € 4 bilhões de euros (US$ 4,3 bilhões a US$ 5,8 bilhões). Em vendas, a bandeira Dia é a terceira maior rede de descontos do mundo.

 

Mais controvertidamente, 25% do braço europeu do Carrefour no ramo imobiliário, com ativos brutos de cerca de € 10 bilhões, seria desmembrado segundo um arranjo semelhante.

 

Analistas questionaram a estrutura dos negócios, que incluem pesados custos de constituição de empresas e encargos fiscais extraordinários. A maioria não conseguiu engolir a justificativa para a decisão sobre os bens imobiliários em especial, dada a importância de controlar os aluguéis - e, portanto, as margens - no extremamente competitivo setor do varejo.

 

Muitos analistas vêm o negócio como passível de gerar valor em curto prazo para a Colony e para Arnault, em vez de ajudar as operações do Carrefour. Andrew Porteous, analista de varejo da corretora Evolution Securities, diz: "Não haverá entrada de dinheiro no negócio como resultado da proposta de reestruturação. O valor da decisão beneficia os investidores, e não o Carrefour."

 

O Carrefour alega que os desmembramentos permitiriam à companhia concentrar-se em seu negócio essencial varejista, bem como desbloquearia o valor dos ativos imobiliários sem perder o controle dos mesmos.

 

Lars Olofsson, que recebeu apoio da Colony e de Arnault para tornar-se CEO em janeiro de 2009, mostrou-se cético sobre o desmembramento da carteira imobiliária do Carrefour e, até recentemente, resistiu à rota preferida pelos que a defendem.

 

Mas um insatisfatório fim de 2010 - inclusive dois alertas de advertência de queda nos lucros -, enfraqueceu sua posição diante do impaciente duo investidor, dizem pessoas próximas à companhia. Um analista acrescenta: "Não se tratou de [Colony e Arnault] dizerem a Olofsson 'ou você faz isso ou está demitido, mas ele sabia que tinha de adoçar a boca deles."

 

Colony e Arnault estão arcando com prejuízos substanciais desde quando começaram a investir no Carrefour a € 50 por ação, em 2007. Hoje cada ação vale € 31.

 

Veículo: Valor Econômico


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