Pão de Açúcar e Carrefour decidem manter aportes

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Os acionistas do Grupo Pão de Açúcar já estão cientes dos passos da companhia para o próximo ano. Na semana passada, Abilio dos Santos Diniz, presidente do Conselho de Administração, convocou os acionistas da segunda maior supermercadista do País para ratificar o compromisso de manter o aporte de R$ 1 bilhão para a abertura de 100 novas lojas até o final de 2009. Também foi definido que, para assegurar o retorno dos investimentos em momento de crise internacional, os esforços serão direcionados à ampliação do Extra Fácil, marca que opera com o formato de loja de bairro e que será responsável por 65% das novas lojas do grupo.

 

A principal explicação para esta iniciativa é que os supermercados de pequeno e médio porte - com cinco a 19 check-outs - alcançaram 9,9% de crescimento entre 2006 e 2007, enquanto as lojas de auto-serviço com mais de 20 caixas elevaram em 6,6% seus ganhos no mesmo período, segundo estudo da Nielsen. Nesta ofensiva no pequeno varejo, o grupo supermercadista do País investirá R$ 32,5 milhões, pouco mais de 30% da verba total disponível e mais que o dobro frente à quantia de 2008.

 

Segundo Alexandre Elias, gerente regional de Expansão e Implementação do Extra Fácil, durante este ano serão inauguradas 21 unidades em São Paulo, atingindo 40 lojas. "O estado tem potencial para 500 lojas deste gênero. Depois de cumprirmos essa meta, poderemos avançar para o Rio de Janeiro e Paraná, já que o abastecimento dessas lojas é proveniente do hipermercado", disse.

 

O modelo de supermercado de bairro da varejista já despertou a atenção de um fundo de private equity norte-americano. Elias contou que, há algumas semanas, funcionários da empresa acompanharam um grupo de executivos a uma das lojas Extra Fácil; contudo, ele descarta ser um futuro parceiro.

 

Essas lojas são compostas por aproximadamente quatro mil itens entre alimentos e mercearia, repostos com periodicidade média de duas semanas, exceto os perecíveis, que são diários. De acordo com o gerente de Expansão, "nas lojas voltadas ao público C e D há uma maior variedade de commodities, enquanto nas unidades de bairros de poder aquisitivo mais elevado, o sortimento maior é de vinhos".

 

As unidades são construídas no sistema feito por encomenda (built-to-suit), no qual um percentual do faturamento da loja é convertido para o aluguel. Outro fator que reduz os gastos é que 88% dos pedidos de reposição são feitos por unidades, não por caixas. O executivo explica que "apesar do maior custo logístico, economizamos no estoque, que ocupa uma área pequena". A área de vendas tem cerca de 220 m².

 

Em geral, as filiais da bandeira de bairro do Pão de Açúcar têm quatro caixas e oito funcionários. O diretor regional do Extra Fácil Wagner Donegatti lembra que a rede também utilizou o know-how do Grupo Casino para adotar esta estratégia. "Na França, eles [o Casino] têm cerca de 6,4 mil lojas. Este é um modelo forte na Europa e Japão", disse.

 

Concorrência

 

O Grupo Carrefour também afirmou que mantém de pé o investimento de R$ 3 bilhões previsto para até 2010 em expansão de lojas no País, compra de terrenos e treinamento de funcionários. No âmbito dos supermercados de bairro, a varejista francesa também opera desde 2006 a bandeira Carrefour Bairro. "Investir no formato está entre nossos planos para 2009", afirmou Hélio Okuno, diretor de Carrefour Bairro, sem detalhar a quantidade de lojas.

 

São 38 lojas entre São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, que têm o dobro do tamanho da concorrente Extra Fácil, com área de vendas entre 1 mil e 2,5 mil m². Neste ano será aberta mais uma filial dessa bandeira, com investimento de R$ 13 milhões. Além da variedade de 20 mil itens, quase todos os locais contam com drogaria, caixa eletrônico, lotéricas e cafeteria. A bandeira representa 25% das lojas que têm a marca Carrefour no País.

 

Dentre outras redes paulistas como Cooperativa de Consumo (Coop), Emporium São Paulo e Supermercados Mambo, o Grupo St. Marche, formado por cinco unidades dos Supermercados St. Marche mais o Empório Santa Maria, acirra planos de abrir as portas de 20 lojas em cinco anos.

 

Bernardo Ouro Preto, um dos sócios da empresa, "o plano de expansão está sendo analisado cuidadosamente e não é descartada a hipótese de alguma aquisição, mas isto acarretaria mais gastos", comentou.

 

Apesar de não revelar o faturamento do ano passado, a meta para 2008 é atingir até 20% de crescimento. Ouro Preto destaca que, há um ano, havia apenas uma loja, e hoje, são seis unidades, três delas, adquiridas. "Este foi um ano de consolidação para a rede", disse. As lojas do St. Marche possuem cerca 750 m², e os itens importados representam grande parte do mix de produtos. De acordo com o empresário, "os fornecedores pressionam para que os preços sejam reajustados, mas, ao menos até o Natal, não haverá alta", garante. A expectativa é que o dólar volte à casa de US$ 1,90.

 

Veículo: DCI


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