Na fachada da sua sede na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, a Marisa exibe a assinatura "fábrica de lojas". Nada mais apropriado dentro da estratégia adotada pela varejista de moda desde o ano passado: um plano agressivo de expansão orgânica, combinado à segmentação de formatos. A diferença é que em 2011 as aquisições também têm chance de fazer parte do crescimento da companhia.

 

Em entrevista ao Valor, o presidente da rede, Marcio Goldfarb, afirmou que a varejista vem analisando oportunidades em diferentes regiões do país. "Propostas existem, outras cadeias querem vender [suas redes]", disse Goldfarb. "Estamos olhando boas oportunidades para não nos arrependermos depois, mas até agora não ocorreu nada porque há casos em que existe uma sobreposição [de lojas] que não compensa. Não vou comprar um negócio para diluir o meu".

 

Segundo o empresário, é complicado achar uma rede cuja aquisição seja compatível com o crescimento orgânico da Marisa. "Com lojas próprias, você vai para onde quer e escolhe os pontos", diz Goldfarb, que afirma já ter 33 endereços contratados para novas lojas. "Mas queremos repetir a dose de 2010 e chegar a 53 inaugurações este ano", diz ele, que comanda a rede de 282 lojas voltadas à classe C. O total de novos pontos da Marisa é superior aos da Renner (que prevê 33 novas lojas em 2011, para se somar às 136 existentes) e aos da Riachuelo (dona de 124 lojas, que está abrindo 23 pontos este ano).

 

Um dos novos endereços da Marisa será inaugurado hoje na Avenida Paulista, que concentra parte dos metros quadrados mais disputados da capital. Trata-se de um ponto na esquina com a Rua Peixoto Gomide, próximo ao Masp. Será a terceira loja da Marisa aberta no último ano na região, em um raio de 3,5 quilômetros. A primeira foi inaugurada no fim de abril de 2010, na Rua Augusta, marcando o começo do formato Marisa Lingerie. Pouco depois, em 4 de maio do ano passado, foi aberta a primeira loja na Paulista, próximo à estação de metrô Brigadeiro.

 

"Os bons resultados da primeira loja nos motivaram a abrir a segunda na mesma avenida", diz Goldfarb, que não acredita em canibalização e afirma que a nova loja vai atender um público diferente do da primeira. Foram investidos R$ 4,7 milhões no novo endereço de pouco mais de 1 mil metros 2, três pisos e fachada completamente envidraçada.

 

Na inauguração, serão realizados desfiles de modelos entre a loja e a estação de metrô Trianon Masp, apresentações de grupos de dança e prestação de serviços às consumidoras, como a "Estação Maquiagem".

 

O novo endereço é o primeiro que contempla o conceito dois em um de loja dentro da loja: uma Marisa de moda feminina com uma Marisa Lingerie. Goldfarb afirma que, pelos menos "por enquanto", não pensa em abrir novos formatos, como fez recentemente a concorrente Renner. A varejista gaúcha abriu este ano sua primeira loja Blue Steel, de moda jovem, e comprou a Camicado, de moda casa.

 

Nos resultados que a empresa anunciou na noite de ontem, a receita líquida do primeiro trimestre cresceu 26,5% para R$ 374,4 milhões, em comparação ao mesmo período de 2010. O lucro líquido aumentou 41,4%, para R$ 36 milhões no trimestre. A empresa somou 17 milhões de cartões, que respondem por 46% do total das vendas.

 

No conceito mesmas lojas, houve crescimento de 12,7% nos primeiros três meses de 2011; em igual período de 2010, o crescimento nas mesmas lojas havia sido de 19,2%. "Não acredito em desaceleração das vendas em 2011", diz Goldfarb. "Se isso acontecer, vai ser em produtos de maior valor agregado, como eletroeletrônicos, não com vestuário".

 

Veículo: Valor Econômico