O cenário econômico turbulento não tirou o apetite de algumas companhias que vinham expandindo sua atuação no setor de lácteos. O Grupo Bom Gosto, de origem gaúcha, é um exemplo de empresa do setor que irá manter seus investimentos previstos para 2008 e 2009, conforme afirmou nesta semana o presidente da companhia, Wilson Zanatta, antes de embarcar para Paris - onde acontece o Salão Internacional de Alimentação (Sial), até amanhã. Após a participação na feira, Zanatta embarcará para o Sudão. O empresário estará em viagem para prospecção de negócios até o final do mês.
A Coopercentral Aurora, embora tenha adiado alguns investimentos, também manteve a intenção de concluir sua indústria de produtos lácteos, instalada à margem da BR-282, no município de Pinhalzinho (SC), com capacidade inicial de processamento de 600 mil litros de leite por dia, em comunicado divulgado nesta semana. A segunda fase da fábrica entrará em operação no segundo semestre de 2009, quando serão investidos R$ 80 milhões e estará concluído o sistema de produção de leite em pó e soro em pó. Nessa fase, a recepção diária estará em 2 milhões de litros.
Segundo o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, o programa de investimentos será revisto em janeiro de 2009, quando a assembléia geral examinar o balanço de 2008 e os resultados econômicos do período.
Bom Gosto
Zanatta informou que manterá os pouco mais de R$ 56 milhões que deverão ser aplicados para a ampliação da capacidade de produção de sua sede em Tapejara, no norte do Rio Grande do Sul, e nas demais indústrias recentemente adquiridas.
Os investimentos incluem R$ 12 milhões na expansão e reestruturação das plantas industriais de Muriaé, em Minas Gerais, incorporadas com a aquisição da Da Matta, em julho de 2007; a duplicação da produção de leite Longa Vida (UHT) no Município de Fazenda Vilanova (RS), onde serão aplicados R$ 8 milhões; na reforma da planta industrial da Corlac, em Erechim (RS), que receberá R$ 1,2 milhão; além de R$ 35 milhões aplicados na operação da nova unidade de leite em pó, em Tapejara, para processar 600 mil litros de leite por dia, com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2009. Outro aporte também mantido é o da construção da fábrica no Uruguai. A Bom Gosto Indústria Leiteira será a primeira fábrica de lácteos brasileira a saltar as fronteiras e se instalar naquele país.
A previsão de início de operações é para o final de 2009 ou início de 2010 e a capacidade inicial de processamento será de 300 mil litros de leite por dia, conforme informou o empresário em entrevista recente ao DCI. Os planos iniciais consideram alcançar 1 milhão de litros por dia entre 2011 e 2012. Para a construção da unidade no Uruguai, os investimentos do Grupo somam US$ 30 milhões. Desse total, US$ 25 milhões vêm do BNDESPar, que se tornou sócio da empresa no ano passado, quando adquiriu 23% da companhia. O restante dos investimentos feitos pelo Grupo é oriundo, em sua maior parte, de recursos próprios.
O Bom Gosto, antes de saltar as fronteiras do País, fez quatro aquisições no Brasil em menos de um ano. A primeira foi a mineira Da Matta, seguida pela Nutrilat (do RS), ambas no ano passado. Em 2008, foi a vez da Laticínios Santa Rita e da Corlac. Depois que incorporou a Corlac, o grupo gaúcho passou a processar mais de dois milhões de litros de leite por dia. No total, desde o ano passado, o valor dos investimentos anunciados para a expansão soma aproximadamente R$ 85 milhões. Até 2006, o grupo gaúcho tinha apenas uma unidade e atualmente conta com cinco plantas. O principal mercado é São Paulo, mas a presença é forte em sua terra natal - Rio Grande do Sul -, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. A expansão vem sendo rápida: em 2000, o faturamento da empresa foi de R$ 4,5 milhões. No ano passado, chegou aos R$ 550 milhões. Há planos para abrir capital. Entre as causas desse crescimento, segundo o empresário, estão as apostas feitas para a diversificação e ampliação das linhas de produção e a melhoria da genética dos rebanhos fornecedores.
Perfil
O Grupo Bom Gosto foi fundado em 1993 por Wilson Zanatta, após ele herdar a fazenda de gado leiteiro do pai - pequeno produtor rural da região de Tapejara, no RS. Antes disso, o empresário já havia dirigido uma cooperativa de produtores de grãos. Mesmo após a expansão da empresa, Zanatta manteve a propriedade e o rebanho de vacas holandesas, que garantem a produção de cerca de 3 mil litros de leite por dia.
Veículo: DCI