Alta do sebo faz indústria reajustar preço em até 25%

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Higiene e limpeza: Disputa com fabricantes de biodiesel contribui para elevar a cotação do insumo

 

O setor de higiene e limpeza e as indústrias de biodiesel têm disputado matéria-prima, o sebo bovino, e isso já eleva o preço de produtos ao consumidor. O valor do insumo vendido por frigoríficos subiu mais de 30% em um ano. Fabricantes de sabonetes e produtos de limpeza (sabão em barra) repassaram, em março e abril, os aumentos dos últimos meses. Empresas como Química Amparo, Bombril e Bertin Higiene e Limpeza constataram o aumento - com pedidos de reajuste de fornecedores que chegaram a superar os 50%.

 

"Não dá para arcar com essa alta toda. E não vamos abrir mão de margem por conta disso, então estamos fazendo aumentos escalonados", conta Moacir Sanini, presidente da Bertin Higiene e Beleza. De acordo com ele, os frigoríficos chegaram a solicitar reajustes de 53% pela matéria prima no acumulado dos últimos seis meses. "O sabonete que custava R$ 0,60 está indo para R$ 0,75. Não é tanto, mas são os 25% de aumento que precisamos fazer para proteger nossa rentabilidade", disse.

 

De acordo com Marco Aurélio Guerreiro de Souza, diretor-presidente da Bombril, por conta da pressão de insumos como sebo e aço (usado na palha de aço), a empresa fez aumentos de 5% a 6% nos preços nos últimos dois meses, e ele explica que podem ser feitos novos reajustes a conta-gotas. "Estamos vendo como o mercado reage para voltarmos a pensar em novas altas", afirma.

 

Com mais de 130 marcas no portfólio, a Hypermarcas reajustou em 6% a 8% as linhas de produtos em abril. Higiene e limpeza foram segmentos afetados pelo aumento, que foi reflexo de mudança na política comercial e efeito dos maiores custos de produção com a alta de insumos e fretes, segundo analistas. "Com a inflação batendo na porta, e uma política de juros maior, nós temos que garantir um crescimento rentável", disse Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, em teleconferência com analistas na semana passada.

 

"Para este ano, eles [os aumentos] vieram para ficar", disse ele, que confirmou a postura da empresa de proteger as margens da operação ainda que em detrimento da participação de mercado.

 

Segundo analistas e indústrias, a elevação no insumo decorre não só da demanda maior pela matéria-prima nos setores de higiene e biodiesel, como também pela oferta mais restrita. É que os abates de bovinos no país não têm crescido de forma significativa.

 

O sebo também se valorizou por meses consecutivos - em abril e maio os reajustes perderam um pouco a força - por conta de um efeito dominó. Desde que passou a ser usado para fabricação de biodiesel nos últimos cinco anos, o subproduto bovino tem sofrido a influência dos preços do óleo de soja, outra matéria-prima para essa indústria. Quando o consumo pelo óleo cresce, a elevação acaba puxando também o valor do sebo. O preço do óleo subiu 47,5% na Bolsa de Chicago nos últimos 12 meses.

 

"Se o óleo de soja sobe, existe migração para o sebo, o que acaba pressionando [a cotação]", diz Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria, que acompanha preços do subproduto junto a frigoríficos, indústrias de higiene e limpeza e de biodiesel. Para ele, o aquecimento da economia, que eleva a demanda por bens de consumo, e a obrigatoriedade da mistura de 5% de biodiesel ao diesel, o chamado B5, explicam a alta do sebo.

 

Segundo o último relatório da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referente ao mês de fevereiro, um percentual de 12,4% do biodiesel produzido no país usou o sebo como matéria-prima. A maior parte do biodiesel ainda é produzida com óleo de soja (83,97% do total).

 

César Abreu, diretor industrial de biodiesel da JBS, reconhece que há concorrência maior pelo sebo entre o setor e a indústria de higiene e limpeza, mas ele aponta sobretudo a influência dos preços do óleo de soja. Conforme Abreu, o sebo colocado na indústria hoje (com ICMS) está na casa dos R$ 2,00 a R$ 2,10 o quilo, 50% acima do que custava há um ano.

 

Apesar da recente escalada, Abreu acredita que os preços do sebo devem perder força no curto prazo, pois a entrada da safra de soja deve reduzir a pressão sobre o óleo de soja. As cotações desse produto já começaram a recuar, afirma. "Na semana passada, o óleo de soja degomado estava a R$ 2.360 a tonelada. Agora está em R$ 2.310", disse ele, quatro dias atrás.

 

Veículo: Valor Econômico


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