Um dos sócios do Pão de Açúcar, Abílio Diniz pode estar de olho para comprar também as lojas do Baú da Felicidade, além de estar em processo de negociação para assumir a gestão da subsidiária brasileira do Carrefour. Segundo fontes do mercado, isso não seria um problema. Além disso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) veria com bons olhos essa negociação, pois fortaleceria o mercado. Muito mais inclusive, isso agradaria o governo brasileiro, pois gera o competitividade no segmento varejista, afirma fontes ligadas ao caso para o DCI.
Para o advogado da Demarest e Almeida Advogados, Mário Nogueira, Abílio Diniz teria apenas de se desligar das ações de que é responsável dentro do GPA e dar as mesmas para um banco tomar conta. "Se esta movimentação acontecer no mercado a aprovação no Cade é quase certa, tanto se ele adquirir apenas o Carrefour ou se ele resolver adquirir também o Baú da Felicidade", explica o advogado especializado em fusões e aquisições, lembrando que até agora a única empresa que fez uma proposta para adquirir todas as lojas do Sílvio Santos foi o Pão de Açúcar, em um valor estimado em R$ 1 bilhão, segundo fontes do mercado. Agora falta saber se quem fez a proposta foi o Abílio Diniz, empresário, ou o Grupo Pão de Açúcar.
Quem não está gostando de ganhar um concorrente para os supermercados e para o segmento de eletroeletrônicos é o francês Casino, que depois disso tomou providências.
Segundo informações divulgadas pela imprensa, Diniz deve receber a intimação do tribunal até amanhã ou segunda-feira. As partes têm um prazo 30 dias para nomear os árbitros da causa. Pelo acordo de acionistas, o Casino e Abilio Diniz indicarão um árbitro cada um. E um terceiro juiz será nomeado por ambos.
Para amenizar o "mal-estar" Diniz enviou uma carta ao presidente Executivo da companhia, Enéas Pestana, para comentar a queda da empresa no Ibovespa em que afirma "acreditar que a verdade prevalecerá" em breve e pede para que a equipe mantenha a "serenidade" diante da queda dos preços das ações. O empresário também sugere que a empresa está sob "ataque" e que fará o que puder para protegê-la. "Vocês me conhecem muito bem. Estou fazendo tudo aquilo que está ao meu alcance para deixar vocês e a companhia protegidos contra qualquer ataque. E no final da carta explica indiretamente o que anda fazendo "por baixo dos panos". "Vocês sabem também que sempre coloquei os interesses da companhia e dos acionistas acima de qualquer interesse pessoal e jamais consideraria qualquer coisa que prejudicasse a Companhia", finaliza.
Ações
A Cia. Brasileira de Distribuição -Grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista brasileira, caminha para a maior queda acumulada em dois dias de negócios dos últimos dez meses. A disputa entre os controladores da empresa fez a Raymond James & Associates Inc. rebaixar sua recomendação.
A ação caía 3,3 por cento às 12:00, negociada a R$ 61,10. Desde 30 de maio, a perda acumulada é de 8,7 por cento. Apesar disso, as ações no final do dia tiveram a menor queda dia e fechou com R$ 62,30 uma queda de 1,43%.
Arbitragem
Na última terça-feira o francês Casino, sócio do brasileiro Abílio Diniz no Pão de Açúcar, recorreu à Câmara Internacional de Comércio (ICC), pedindo uma arbitragem contra a família Diniz para que o grupo cumpra os acordos fechados em novembro de 2006. No entanto, Diniz divulgou carta negando a arbitragem. Em comunicado ele afirma não saber de nada. "Até o momento, não recebi qualquer comunicação a respeito do pedido de arbitragem. Informo, ainda, que não descumpri qualquer disposição dos acordos de acionistas arquivados na Companhia, nem dos demais contratos celebrados entre os acionistas controladores", explica o sócio.
Disputas arbitrais sempre são cercadas de confidencialidade, prevista no acordo de acionistas; com isso, não se sabe exatamente quais foram os pedidos do Casino de punição à família Diniz.
Acordo 2005
Em 2005, a família Diniz concordou em não vender sua participação na Wilkes até 2014. Todas as decisões administrativas importantes do grupo devem ser aprovadas por unanimidade. Tanto o Casino quanto a família Diniz têm direito de recusa se o outro decidir vender a participação depois deste período, segundo o acordo. Um desentendimento entre os acionistas controladores é uma "má notícia" para a empresa, disseram os analistas Ricardo Boiati e Alan Cardoso, da Bradesco SA Corretora de Títulos e Valores Mobiliários.
Essa situação traz incertezas sobre o futuro da empresa: se afetar a administração, pode vir a impactar as operações, disseram Boiati e Cardoso.
Veículo: DCI