Os preços da mandioca foram bons nos últimos dois anos. Esses valores, rentáveis nesses anos, deram ânimo aos produtores, que aumentaram a área semeada.
O resultado foi um aumento de oferta nesta safra, o que resultou em uma rápida queda dos preços nas últimas semanas.
Em plena safra, a tonelada da raiz recuou para R$ 185,30, patamar que não se esperava, segundo Fábio Isaías Felipe, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Negociada a esse valor, a tonelada de mandioca já recuou 13% neste mês, acumulando 30% no ano, conforme os dados do Cepea.
Felipe destaca que a pressão sobre os preços é ainda maior porque parte dos produtores teve de intensificar a colheita para liberar as terras arrendadas.
Outros, para fazer caixa, também aceleram a colheita, elevando o volume de oferta do produto no mercado.
Com custo elevados e preços em baixa, pelo menos 41% dos produtores pesquisados pelo Cepea já manifestaram intenção de não voltar a semear a raiz na próxima safra. "Isso não é bom porque pode impactar na oferta lá na frente", segundo o pesquisador.
Esse cenário desfavorável faz com que os produtores do noroeste do Paraná manifestem a intenção de migrar para a cana-de-açúcar e para a pecuária.
Felipe acredita, no entanto, em uma revisão desse quadro desfavorável a partir do segundo semestre. Com menos lavoura e menor produtividade, os preços podem se recuperar.
O Paraná é o maior fornecedor de mandioca para as indústrias. O Estado concentra 70% da produção de fécula de mandioca.
Veículo: Folha de S.Paulo