Citricultores buscam alternativas à indústria

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Setor produtivo de laranja debate formas de reduzir dependência da indústria do suco e aumentar consumo interno da fruta

 

Em vez de ficar discutindo custos e preços da caixa de laranja com a indústria de suco, os citricultores começam a pensar em alternativas de comercialização que permitam aumentar o consumo da fruta sem que este esteja condicionado apenas à venda da safra às grandes esmagadoras de laranja.

 

O tema foi discutido por citricultores na semana passada, durante o Fórum de Defesa da Citricultura, realizado na sexta-feira na Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, em Botucatu (SP). Na ocasião, estiveram presentes a Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "Hoje o produtor não tem poder de barganha com a indústria, pois praticamente não existe outra alternativa de venda da safra", diz o técnico agrícola responsável pela elaboração das planilhas de custo da Associtrus, Márcio Borella.

 

"Problema nosso"

 

Segundo ele, se cada citricultor destinasse 20% do que produz a outros mercados, como o de fruta in natura, haveria diminuição da oferta de laranja para a indústria, o que permitiria a alta do preço do suco no mercado externo e, consequentemente, melhor remuneração para os produtores internamente. "E isso não é problema da indústria. É problema nosso. Veja o caso do café: por anos fomos os maiores produtores, com consumo interno baixo, porém. Mas isso está mudando graças a esforços do setor cafeeiro. Talvez seja esta a saída para a citricultura, já que, no caso do suco de laranja, o consumo no mercado externo está estático."

 

O mesmo afirmou o presidente da Associação dos Municípios Citrícolas do Estado de São Paulo (Amcisp), Dorival Sandrini, que também é prefeito de Cajobi, norte do Estado. "O citricultor precisa se mexer. Precisa ser mascate da sua produção e levá-la aos supermercados, restaurantes e bares. A saída está no mercado interno".

 

O prefeito Marcos Corrêa, de Pratânia, município vizinho a Botucatu, onde a citricultura vem crescendo nos últimos cinco anos, endossa o argumento. "Os produtores da minha região que não trabalham com a indústria vendem para o varejo ou outros locais e estão com sorriso de orelha a orelha."

 

Estudo

 

Um estudo abordando justamente esta questão (o consumo de frutas pelo brasileiro) será divulgado ainda este mês pela CNA, informou o Coordenador de Assuntos Econômicos, Renato Conchon. "Ele responderá às demandas de várias cadeias da fruticultura e deve servir para nortear possíveis ações para fomentar o consumo da laranja e de outras frutas", explica Conchon.

 

Merenda

 

Uma dessas ações, apontaram os participantes do evento, será a criação de uma proposta de lei para incluir suco de frutas, o de laranja entre eles, na merenda escolar. Segundo Conchon, a proposta está sendo estruturada pela Frente Parlamentar da Fruticultura e deve ser apresentada ainda este mês.

 

Uma lei do gênero até chegou a ser aprovada no Estado de São Paulo, mas acabou sendo vetada pelo então governador do Estado, Mário Covas, diz o presidente da Associtrus, Flávio Viegas. "Até tentamos retomar a questão anos mas tarde, sem sucesso." Ele atribui os fracassos anteriores ao fato de as propostas incluírem apenas o suco de laranja. "Primeiro porque agricultores de outros tipos de fruta poderiam se ver excluídos e segundo porque, envolvendo outras cadeias, o peso da articulação política é maior", avalia.

 

Para o presidente do Sindicato Rural de Bebedouro (SP), José Oswaldo Junqueira Franco, a intenção é boa e pode, sim, ajudar a melhorar a renda do produtor, mas ressalta que é preciso uma mudança de paradigma e de planejamento, pois hoje o produtor está acostumado a entregar a safra de uma vez, o que é mais cômodo. "Além disso, em face do tamanho do mercado interno é preciso pensar também na constância da oferta", alerta.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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