Cautelosa, como é normal a toda empresa japonesa, a Sanyo retoma aos poucos, e sem fazer muito alarde, seu espaço no mercado brasileiro. Há quase um ano, a empresa - que já esteve entre as líderes do segmento de eletroeletrônicos nos anos 1980, com televisores, videocassetes e até microondas - coloca em algumas lojas brasileiras suas câmeras fotográficas e filmadoras e agora já estuda a possibilidade de trazer produtos de linha branca como lavadoras premium.
O relançamento dos produtos Sanyo é fruto da parceria entre a fabricante japonesa e a Dievo, empresa criada pela Cotia Trading especialmente para distribuição de produtos eletroeletrônicos no Brasil. Juntas, as duas companhias traçaram uma estratégia séria e sem muitas pirotecnias. Entre os passos estão a distribuição inicial nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, em 2007, e agora já atingindo o Brasil inteiro. O segundo passo foi a escolha de varejistas de médio porte, com faturamento máximo de até R$ 800 milhões ao ano. Já na internet, meio considerado mais sofisticado e naturalmente melhor para venda de produtos de alta tecnologia, a empresa está presente nos maiores sites de e-commerce.
O presidente da Sanyo do Brasil, Tomoaki Tajima, explica que a empresa decidiu deixar a área de eletrônica de consumo no País nos anos 90 como parte da estratégia global de ampliação do foco em componentes, especialmente baterias para celulares. "Nos anos 90 a guerra de preços era muito forte e resolvemos abandonar", explica.
Em 2006, a estratégia da Sanyo, no entanto, mostrou-se equivocada e a empresa passou por dificuldades mundialmente. Uma recuperação foi necessária, claro que num passo diferente daquelas reestruturações típicas ocidentais. Mas em janeiro deste ano a Sanyo já anunciava a venda de sua unidade de aparelhos de celulares para a também japonesa Kyocera, por cerca de US$ 350 milhões. Os resultados não demoraram a aparecer. As vendas da companhia avançaram 6,5% entre abril e junho deste ano, para US$ 479,6 bilhões de ienes (US$ 4,35 bilhões), em comparação ao mesmo período de 2007, enquanto o lucro líquido cresceu para 28,2 bilhões de ienes US$ 255,7 mi) no segundo trimestre de 2008, ante 2,572 bilhões de ienes (US$ 22,7milhões) registrados no mesmo período do ano anterior, devido à venda da unidade de telefonia móvel da empresa.
Revendo sua estratégia também no Brasil, a Sanyo encontrou na Cotia Trading a parceira ideal para a distribuição dos produtos. Especializada em importação e exportação de matérias-primas, com faturamento de R$ 1,5 bilhão, o grupo montou uma empresa específica para distribuir os produtos Sanyo. Segundo o responsável pela operação na Dievo, Erik Janis Michel von Fritsch, a volta da marca ao mercado foi muito fácil, uma vez que o nome possuía uma forte lembrança entre os consumidores. "O recall da marca era muito bom, porque a Sanyo jamais deixou um contencioso no mercado, mantendo uma rede ativa de assistência técnica até hoje, que iremos aproveitar", explica Fritsch, sem revelar, porém, os valores investidos no marketing e distribuição dos produtos, sua parte na parceria com a Sanyo.
A empresa, entretanto, tomou o cuidado de trazer produtos sofisticados como máquinas fotográficas digitais com capacidades superiores a sete megapixels. Isso sem falar nas filmadoras, uma a prova d'água e outra full HD (pronta para tecnologia de imagem de alta definição). Tudo isso, com design e cores diferenciadas.
Quanto a linha branca, Tajima diz que estuda a possibilidade de trazer lavadoras de roupas premium ao Brasil, assim como fez com as máquinas fotográficas. "Acreditamos que exista espaço para produtos diferenciados dirigidos a públicos bem específicos", explica o executivo da Dievo. .
Veículo: Gazeta Mercantil