Colheita da safra reduz cotação do café em Minas

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O ingresso da nova safra de café no mercado provocou queda nas cotações do grão. Na comparação de julho com o mês anterior, de acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na região do Cerrado mineiro a queda nos valores foi de 11,29% enquanto no Sul de Minas o recuo chegou a 11,5%. Mesmo com a redução, as estimativas em relação aos valores da saca nos próximos meses são positivas, e serão sustentadas pela oferta ajustada do grão no mercado e ao aumento do consumo.

 

De acordo com os dados divulgados pelo Cepea, a partir do dia 1º de julho, o Indicador Cepea/Esalq deixou de envolver cafés da temporada 2010/11, passando a abranger os grãos da safra 2011/12. Com isso, o indicador recuou expressivamente, com a média do Indicador do arábica tipo 6 bebida dura para melhor a R$ 457,81 por saca de 60 quilos em julho, valor 11,1% menor que a de junho.

 

Em Minas Gerais a saca do produto ao longo de julho foi cotada a R$ 457,5 na região do Cerrado, o que representou queda de 11,29% sobre os valores praticados em junho. A desvalorização também foi observada na região Sul do Estado, onde a cotação do café caiu de R$ 508,61, preço médio praticado em junho, para R$ 450,13 em julho, redução de 11,5%.

 

De acordo com o engenheiro agrônomo e gerente do departamento técnico da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel) - em Três Pontas, no Sul de Minas -, Roberto Felicori, a redução dos preços do café se deve principalmente à entrada da nova safra no mercado, o que amplia a oferta do produto. Mesmo com a elevação da disponibilidade do grão, o mercado deverá manter-se firme e com preços vantajosos para os produtores.

 

Consumo - "O consumo do café é crescente e a oferta ainda é pequena. Acreditamos que os preços se manterão em patamares rentáveis para os produtores, uma vez que os estoques mundiais estão baixos e a safra deste ano é menor devido à bianualidade negativa dos cafezais", disse Felicori.

 

De acordo com os dados do Cepea, no mercado internacional o contrato de arábica com vencimento em setembro na Bolsa de Nova York (ICE Futures) fechou o dia 29 de julho a 239,30 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 9% em relação ao fechamento do dia 1º.

 

As geadas ocorridas no início de agosto atingiram algumas regiões cafeeiras do Brasil. Até o final da primeira semana de agosto, as perdas ainda não haviam sido avaliadas, mas em algumas cidades no Sul de Minas Gerais, Noroeste do Paraná e parte das lavouras da região de Garça em São Paulo, foram verificados danos às plantações.

 

De acordo com a análise dos pesquisadores do Cepea, no Sul de Minas Gerais, nas cidades de Guaxupé, Varginha e Três Pontas, alguns cafezais foram queimados com maior intensidade nos locais onde ventos atingiram velocidades mais fortes. Os prejuízos ainda não foram calculados, mas, segundo a Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite, a perda estimada deverá ser de 10% a 15% para a safra 2011/12 nas lavouras afetadas.

 

Segundo Felicori, na região de Três Pontas as geadas afetaram principalmente as plantações localizadas nas regiões de menor altitude. As baixas temperaturas impactaram negativamente nos cafezais. A primeira interferência foi direta e provocou queima nas folhas e nos brotos das árvores, o que vai impactar na próxima safra. O clima desfavorável também provoca nos cafezais o desarranjo fisiológico, o que interfere diretamente no processo produtivo dos cafezais.

 

Como parte das folhas foi queimada, a planta, ao invés de utilizar seus nutrientes para a fixação das floradas, que devem ocorrer em meados de setembro, concentrará suas forças na reposição das folhas perdidas, o que pode resultar em menor produtividade.

 

"Não sabemos ao certo de quanto será o impacto na próxima safra, mas as regiões atingidas irão registrar perdas tanto na produtividade como na qualidade dos grãos, a estimativa inicial é que sejam observadas perdas na produtividade de até 5%. A queda se deve principalmente ao frio excessivo provocar o desarranjo fisiológico, que interfere diretamente no processo de floração, provocando múltiplas floradas e o amadurecimento irregular do café", disse Felicori.

 

Além de Minas Gerais, também foram observados problemas com as geadas em outros estados produtores. Segundo os dados do Cepea, no Noroeste do Paraná apenas lavouras mais novas e pés cultivados em áreas de menor altitude foram atingidos. Em São Paulo, as geadas atingiram apenas as folhas de algumas lavouras, mas sem causar grandes preocupações aos produtores.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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