Movimento levou o Super Nosso a investir na construção de uma central de panificação em Contagem.
Muito além do pão francês, o mercado de panificação industrializada cresce a passo largos no Brasil. Enquanto alguns setores da economia registraram desaquecimento no primeiro semestre, os fabricantes de pães e bolos vivem dias de otimismo em decorrência do maior poder de compra do brasileiro e dos investimentos em novos produtos. Entre janeiro e julho, esse mercado contabilizou alta de 12,2% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, faturando R$ 1,85 bilhão.
Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima). Durante o período, a comercialização de bolos e pães industrializados saltou 14,5% e 4,7%, respectivamente, em relação ao primeiro semestre de 2010.
De acordo com o presidente da Abima, Cláudio Zanão, o bom desempenho é conseqüência da adesão do consumidor por novidades e da maior freqüência de compra das classes C e D, que assumem papel fundamental no setor. "Notamos que o brasileiro gosta de coisas novas e agora têm dinheiro para experimentar", afirmou.
A Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão) concorda que as chamadas classes emergentes contribuem para a expansão do setor. O presidente da entidade que representa 7 mil empresas mineiras - entre padarias e indústrias -, José Batista Oliveira, salientou esse processo. Porém, ele explicou que esses novos consumidores ainda investem mais nos produtos triviais, deixando as experimentações limitadas ao início do mês e aos finais de semana.
Carona - A Seven Boys, indústria alimentícia com planta em Belo Horizonte, acompanha o fortalecimento do poder de compra desses públicos, porém, optou por crescer em outra direção. Há quatro meses, a empresa investiu R$ 2 milhões para introduzir o conceito de panificação gourmet à escala industrial.
A Linea Premium oferece variedades de pães produzidos com ingredientes selecionados, como castanhas e grãos. Para viabilizar a aposta, investiu na contratação de 80 novos profissionais para a fábrica na Capital, contabilizando 350 colaboradores. Além do mercado mineiro, a unidade de Belo Horizonte atende São Paulo, Distrito Federal e Goiás.
Segundo a gerente de Marketing da Seven Boys, Lisiane Cohem, a aceitação pelos novos itens foi imediata. Embora não tenha revelado volumes de produção, ela salientou que o montante vendido entre abril e agosto superou as previsões estimadas para seis meses de comercialização. Atualmente, junto da linha Benefice, de pães integrais, a marca Premium representa 35% dos negócios da empresa.
E a Seven Boys vai continuar investindo no Estado. A gerente de Marketing afirmou que para 2012 há a previsão de aportes na ordem de R$ 7 milhões para ampliar a unidade fabril de Belo Horizonte, que já opera no limite da capacidade instalada. Além disso, planeja mais dois lançamentos de pães: fatiados e outro da linha integral.
Já pensando no futuro e prevendo novas tendências, Lisiane Cohem revelou que um dos próximos passos da Seven Boys deve ser em embalagens reduzidas, voltadas para o público single. "Esta já é uma realidade forte no exterior e vai chegar ao Brasil."
Setor no Estado - Em Minas Gerais, onde o levantamento do segmento de panificação é feito apenas anualmente, a perspectiva é de crescimento de 13% em relação ao ano passado, mesmo índice apontado pela Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip). Já a Abima espera repetir no segundo semestre o resultado registrado entre janeiro e julho deste ano (12,2% de crescimento) ou mesmo superar o índice, já que os últimos seis meses do ano tendem a ser melhores.
Apesar das previsões, o presidente da Amipão afirmou que somente as empresas que investirem em melhorias do mix, layout (no caso das padarias) e formação de mão de obra conseguirão aprimorar o lucro.
A questão da mão de obra continua sendo o grande gargalo da panificação, segundo ele. Oliveira falou que o déficit de profissionais atinge tanto as vagas que exigem qualificação quanto às destinadas ao primeiro emprego. Conforme o executivo, o entrave pode chegar, inclusive, a emperrar o crescimento de algumas empresas.
Já a diversificação do mix tem sido entendida como oportunidade para o setor. Eles estão de olho, sobretudo, nos pães multifuncionais que levam fibras e grãos e são a vedete do momento.
Os supermercados Super Nosso têm comprovado a busca por esses produtos mais conectados às dietas saudáveis. Nas 12 lojas da rede em que a panificação representa 10% do faturamento, as receitas voltadas para diabéticos ou que fazem uso de ingredientes como linhaça estão entre as mais vendidas. Destaque também para as guloseimas diferenciadas.
De acordo com o diretor da rede, Rodolfo Nejm, a área de panificação é uma das prioridades do grupo. Isso porque, além de garantir parte importante dos resultados, é um dos segmentos que mais contribui para a fidelização da clientela.
Pensando nisso, o Super Nosso prevê um crescimento ousado do segmento nos próximos anos. A expectativa é fruto da construção de uma central de panificação em Contagem, na Grande BH, que será inaugurada em 2012. O executivo não revelou o valor investido na obra.
Com a nova estrutura, a rede vai concentrar a produção de todas as lojas em um só local, garantindo maior padronização das receitas. Hoje cada ponto de venda mantém fabricação própria que recebe o apoio de uma mini central.
De acordo com o gerente do departamento padaria da rede, Wesley de Souza, a instalação em Contagem deve expandir a produção das atuais 80 toneladas/mês para 150 toneladas/mês. O mix de produtos também deve aumentar de 550 para 700 itens. A ideia com o empreendimento segundo Nejm, é que a panificação passe a ser responsável por 30% da receita do Super Nosso.
Veículo: Diário do Comércio - MG