Mariana Flores
Do Correio Braziliense
Em tempos de altas nos preços dos alimentos, os consumidores devem ficar atentos na hora de comprar. A pesquisa e a barganha se tornam mais importantes no momento da decisão e adquirir produtos em feiras não é mais sinônimo de pagar menos. Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base em dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), mostra que no Distrito Federal as feiras livres têm preços até 26% mais elevados que os supermercados.
Assim como ocorreu na média nacional, a comparação entre valores de seis produtos mostrou que nos supermercados brasilienses as verduras e frutas custam menos. A explicação, segundo a FGV, está na quantidade que os supermercados compram. Por negociarem em volumes maiores, e no atacado, têm maior poder de barganha junto ao produtor.
A FGV alerta que a pesquisa foi feita com preço anunciado pelos feirantes, mas os consumidores podem se aproveitar do poder de barganha, comum nesse mercado, para ganhar descontos. "Apesar dos preços um pouco mais elevados, as feiras ofertam produtos mais frescos, que é o que atrai o consumidor. Os pesquisadores não barganharam preço, mas o consumidor pode e deve barganhar", afirma o coordenador do IPC-S, André Braz.
Mas sem a negociação entre vendedor e cliente, o brasiliense paga mais nas feiras. A variação na capital federal é maior que na média das quatro regiões metropolitanas pesquisadas pela FGV São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. O quilo do tomate, no mês de junho, custava, em média, R$ 2,67 nos supermercados. Nas feiras livres chegava a R$ 3,37 26,2% a mais.
Na média nacional a variação máxima, de 25%, foi registrada no preço do limão, produto que não foi pesquisado em Brasília. Comprar um quilo de maçã em uma feira de Brasília pode custar até 20,3% a mais, e a laranja-pera, 18,1%. As menores variações foram registradas nos valores cobrados pela alface e pela batata-inglesa, de 12,3% e 6,5%, respectivamente. Apesar da diferença de preços, as variações verificadas nos últimos meses, que levaram ao aumento da inflação no país, ocorrem de forma semelhante nas feiras e nos supermercados, segundo Braz.
Os feirantes do DF negam que os preços sejam mais elevados. Segundo o presidente do Sindicato dos Feirantes do DF (Sindfeira-DF), Francisco Valdenir Machado Elias, os 30 mil vendedores da cidade trabalham com margem reduzida de lucro e oferecem descontos para os consumidores.
De acordo com ele, pelo menos 40% dos consumidores do DF têm o hábito de freqüentar uma das 58 feiras da cidade e em todas há a presença de bancas de frutas e verduras. Uma boa dica para conseguir os melhores descontos é ir às compras mais tarde, quando passa o horário de pico das feiras. "Quando chega no fim do dia os feirantes vendem ainda mais barato para no outro dia ter produtos novos na prateleira", afirma.
Já os supermercados utilizam a oferta de verduras, frutas e legumes como forma de atrair clientes para suas lojas e elevar vendas em outros segmentos. "É a parte mais barata do supermercado hoje, então é rentável a oferta destes produtos. E para o consumidor é bom porque ele vai e compra tudo de uma vez em um só lugar", afirma o presidente da Associação Brasiliense de Supermercados (Asbra), Edis Amaral.
Nas cidades pesquisadas, os produtos das feiras livres ficaram entre 13% e 25% mais caros. Brasília liderou alguns rankings de custo. A unidade do alface vendida em Brasília, por exemplo, é a mais cara entre as quatro cidades, independente do produto ser comprado em feiras ou nos supermercados. A alface brasiliense chega a custar 39% mais que a vendida em Belo Horizonte, comparando preços de supermercados.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ