Vendas de laranja sofrem com a queda de consumo

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Embora o Brasil contabilize neste ano a segunda maior safra de laranja das últimas duas décadas, a queda de consumo dos principais clientes, Estados Unidos e Alemanha, chegou a 45 mil toneladas entre 2009 e 2010. O preço do suco exportado, resultante das compras fechadas pela indústria no ano passado, é o dobro do registrado há dois anos, mas o valor médio pago ao produtor encolheu com o crescimento da oferta. Além disso, apesar da incidência da greening afetar 4% das árvores plantadas em São Paulo, responsável por 80% da laranja nacional, a Secretaria de Agricultura do Estado deu fim à subvenção do seguro que indenizava os citricultores pela erradicação de plantas contaminadas por essa praga ou pelo cancro cítrico.

A safra 2011/12 deve chegar a 400 milhões de caixas, ante as 317 milhões de 2010. Desse volume, 85% são destinados à indústria de suco, que exporta 98% do total e cujos preços estão entre US$ 2,4 mil e US$ 2,5 mil por tonelada, segundo dados da Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil. No ano passado, a média ficou em US$ 1,8 mil. "O ambiente de picos e quedas da laranja e do suco é a realidade do setor. O mais grave é conviver com isso depois de o consumo estagnar", diz Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Estudo da CitrusBR mostra que em oito anos o consumo mundial de laranja nos 20 principais mercados mundiais caiu 6,9%. O impacto foi maior entre os principais compradores. Nos Estados Unidos, no ano passado, foram consumidos 809 mil toneladas de suco-equivalente, ante 1 milhão de toneladas em 2003, queda de 19,3%. Na Alemanha, segundo maior consumidor mundial, a redução chegou a 22,8% no período. Os bons resultados registrados em países emergentes não foram suficientes para equilibrar as perdas. A China, por exemplo, dobrou o consumo. Mas são só 88 mil toneladas, pouco mais de 10% do mercado americano. A Rússia deu um salto de 63%, chegando a 84 toneladas.

O Brasil representa mais de 80% do suco vendido no mundo, mantendo a média de 1,3 milhão de toneladas por ano há mais de uma década. O mercado americano registrou pela primeira vez queda de consumo concomitante à de preços, entrando em cena o néctar, bebida com no mínimo 20% de suco complementado por água e açúcar. "O consumidor não está aguentando pagar", diz Lohbauer.

As entidade do setor articulam a criação da Consecitrus, que deve começar a operar em 2012 e colocar na mesa de negociação todos os integrantes da cadeia produtiva. "O custo de produção está acima de R$ 15 por caixa, mas a indústria paga até abaixo de R$ 10", queixa-se Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores, a Associtrus.

A situação só não ficou pior para o citricultor porque a Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou pela primeira vez a criação de uma linha de financiamento para estocagem do suco de laranja com objetivo de retirar produto do mercado e permitir uma reação nos preços.


Veículo: Valor Econômico


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