O terceiro trimestre coroou o plano de reestruturação implementado pelo consultor Claudio Galeazzi no Grupo Pão de Açúcar neste ano. A varejista registrou o maior lucro líquido trimestral de sua história, bem como a maior geração de caixa para o período. Na última linha do balanço, a empresa acumulou entre julho e setembro um ganho de R$ 82,5 milhões, o que representou um crescimento de 137,8% sobre igual período de 2007.
A geração de caixa, ou Lajida (resultado antes do pagamento de juros, depreciação e amortização), cresceu 49,9% no trimestre, atingindo R$ 357,2 milhões. A cifra correspondeu a 8,1% das vendas líquidas da companhia, uma das melhores taxas já alcançadas pelo grupo.
O resultado reflete os vários pontos que vêm sendo atacados pela equipe chefiada por Galeazzi, sobretudo na linha de custos. A cadeia de supermercados conseguiu uma economia de 3 pontos percentuais nas despesas operacionais, que caíram de 21,9% para 18,9% da receita líquida no terceiro trimestre deste ano.
Segundo Enéas Pestana, diretor financeiro do grupo, a crise financeira ainda não bateu, por enquanto, às portas dos supermercados. A empresa divulgará as vendas de outubro nos próximos dias. "Esperem para ver os números antes de chegar a uma conclusão", disse o executivo. Perguntado se ainda espera abrir champanhe no Natal para comemorar o resultados recordes, Pestana respondeu que a garrafa "está geladeira".
"Mas temos consciência da dimensão da crise", acrescentou o executivo, que começará a reduzir a oferta de planos parcelados sem juros. Segundo Pestana, a administração da companhia traçou "vários cenários" para a economia e possui planos de contingência arquitetados para cada um deles. As medidas serão implementadas conforme os cenários forem se desenhando. O orçamento da empresa para 2009, que prevê um investimento estimado pelo mercado em R$ 1 bilhão, ainda não foi votado pelo conselho de administração, o que só deve ser feito em dezembro. Mas o planejamento só será divulgado no início do ano que vem.
A companhia está negociando os valores para a aquisição dos 50% que ainda não detém na Sendas Distribuidora e que pertencem à família Sendas. Com a morte de Arthur Sendas há poucos dias, o processo de aquisição deve demorar mais do que o previsto inicialmente e é provável que não seja concluído neste ano.
Veículo: Valor Econômico