Alimentos têm forte alta em dezembro

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A forte alta do grupo alimentação e bebidas captada em dezembro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), de 1,28%, reforçou a convicção dos analistas que apostavam em estouro do teto da meta de inflação de 2011, de 6,5%. Um ponto é que é curto o espaço de tempo para uma desaceleração significativa das cotações dos alimentos. Desse modo, IPCA de dezembro tende a registrar uma alta ainda expressiva desses produtos.

Ao passar de 0,46% para 0,56% entre novembro e dezembro, o IPCA-15 fechou o ano com variação de 6,56%, acima da banda superior da meta perseguida pelo Banco Central. O IPCA-15 mede a inflação entre o dia 15 do mês anterior e o dia 15 do mês de referência, enquanto o IPCA mostra a evolução dos preços no mês fechado.

A aceleração do IPCA-15 foi influenciada principalmente pela forte elevação dos alimentos, que passaram de uma alta de 0,77% em novembro para 1,28% em dezembro, a taxa mais salgada entre os nove grupos no IPCA-15. O movimento foi puxado por aumento de preços das carnes, que subiram 4,3% na atual leitura, acima do 1,3% em novembro.

Para Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora, a aceleração das carnes atingiu seu pico no IPCA-15 deste mês, após a intensa trajetória de aumento no atacado e, daqui em diante, deve reduzir seu ritmo de alta. Isso não significa, no entanto, preços menos incômodos dos alimentos ao fim de dezembro.

"Os preços das carnes no atacado estão bastante pressionados e a tendência é que a inflação de alimentos seja algo persistente até o início de 2012", projeta Combat, para quem, com a pequena desaceleração prevista para os alimentos no curto prazo, o IPCA deve subir 0,53% em dezembro, fechando o ano em 6,53%.

Depois do avanço maior do que o previsto nos alimentos, o economista Daniel Lima, da Rosenberg & Associados, revisou de 0,53% para 0,55% sua projeção para o indicador do fim do mês. Caso sua estimativa seja confirmada, o ano encerraria com elevação de 6,55%. "Assim não haverá a desculpa de arredondar o indicador para baixo", afirma Lima, ao dizer que, se a alta ficar entre 6,51% a 6,54% em 2011, ainda existiria a chance de cumprimento da meta, caso fosse permitido o arredondamento do índice para 6,5%. Mas ele não trabalha com essa possibilidade.

A forte subida das carnes no varejo veio na esteira da escalada dos bovinos no atacado, explica Bruno Surano, da Votorantim Corretora. Agora os bovinos devem começar a ceder nos Índices Gerais de Preços (IGPs) mas esse impacto deve ser sentido pelo consumidor somente a partir do ano que vem. "Ainda há espaço para outra alta forte das carnes em dezembro, em torno de 4,7%." O analista destaca, no entanto, outro movimento que o surpreendeu no IPCA-15 de dezembro e deve ajudar a inflação no fechamento de 2011: a inesperada deflação de 2% em passagens aéreas, na época de maior demanda do ano, para a qual não encontrou explicação plausível. Na medição de novembro, esse item ficou 4% mais caro em relação a outubro. Como pela metodologia do IBGE, a taxa de passagem aérea do IPCA-15 é repetida no fechamento do mês, o grupo transportes deve continuar segurando a inflação em dezembro mesmo com a pressão prevista para os combustíveis, sustenta ele, que prevê alta de 0,54% no IPCA de dezembro, com elevação de 6,55% no ano. Os transportes deixaram alta já fraca, de 0,02% em novembro, para queda de 0,08% em dezembro. Estes preços, diz ele, estão contendo as altas do etanol e da gasolina e devem continuar a exercer esse efeito compensatório até o fim do mês.

Para Fernanda Consorte, do Santander, a composição do IPCA no fechamento de dezembro será bem parecida com a do IPCA-15, o que trará o indicador para alta de 6,6% em 2011. Fernanda espera que a inflação de alimentos tenha um alívio ao consumidor em janeiro, como reflexo das deflações dos preços agropecuários no atacado, mas diz que a desaceleração não será substancial.

Mas há quem ainda veja o IPCA fechando 2011 exatamente no teto da meta, de 6,5%. A LCA Consultores projeta alta de 0,5% em dezembro, apostando em alguma desaceleração dos preços de alimentos e deflação do grupo artigos de residência.


Veículo: Valor Econômico


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