Redução da área plantada garante valor acima do mínimo estabelecido pelo governo.
A redução da área plantada com feijão em Minas fez com que os preços do grão, mesmo em período de colheita, se mantivessem acima do valor mínimo estabelecido pelo governo, gerando lucro significativo para os produtores. Segundo dados apurados pela consultoria Safras & Mercado, a saca de 60 quilos do grão, no Estado, está cotada em R$ 135,26. O valor é 69,07% superior ao preço mínimo, fixado em R$ 80.
Segundo Renan Magro Gomes, analista da Safras & Mercado, a redução da área plantada de feijão, nas principais regiões produtoras, foi incentivada pelos preços baixos praticados ao longo de 2011. Além disso, as estimativas positivas em relação ao milho estimularam a migração de cultura.
"Durante 2011 os produtores de feijão acumularam prejuízos devido à oferta maior do produto no mercado e à demanda insuficiente para absorver a produção. Diante do cenário desfavorável, a alternativa foi reduzir a área e investir em culturas com estimativas mais favoráveis, como o milho e a soja, por exemplo", diz Gomes.
Com a queda na produção, os preços do grão foram impulsionados. Em janeiro, período em que a colheita ainda não havia iniciado, os preços estavam variando entre o mínimo de R$ 150 e o máximo de R$ 180, valores que representaram uma evolução de 66,6% a 89,5%, se comparados com os preços praticados no mesmo mês do ano passado, quando a cotação variava entre R$ 90 e R$ 95.
Em fevereiro, com o avanço da colheita do feijão das águas no Estado, o preço recuou para R$ 131,25 na primeira quinzena e encerrou o mês em R$ 135,26. Mesmo com a queda, o valor pago ao agricultor se manteve bem acima do valor mínimo estipulado pelo governo, R$ 80.
Segundo Gomes, os valores pagos são lucrativos para os produtores e poderão incentivar novos investimentos na cultura ao longo da segunda safra.
A colheita em quase todas as regiões produtoras do país já foi concluída. Em Minas, Santa Catarina e Paraná, o processo ainda não foi encerrado. Com a oferta limitada, a tendência é de mercado firme para o grão nos próximos meses.
A queda na disponibilidade de feijão no mercado, além da redução da área, foi provocada também pelo clima desfavorável no Sul do país e pelas chuvas em Minas, que interferiram na produtividade.
Recuo - De acordo com dados do quinto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de feijão em Minas deverá recuar 4,3% na primeira safra do ano.
A previsão é de que sejam colhidas 214,5 mil toneladas, contra as 224,2 mils produzidas anteriormente. Os preços ruins praticados ao longo de 2011 desestimularam os produtores. Eles migraram para outras culturas, principalmente o milho.
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram registrados pelos técnicos da Conab os maiores recuos na produção, provocados pelo clima. No Paraná, somente a região Norte não apresentou queda expressiva - o recuo deverá variar entre 5% e 10%. Já nas regiões Sul e Centro-Norte, que sofreram com a estiagem e com as noites frias, as perdas estimadas na produtividade estão variando entre 25% e 30%. No total, o Estado, que é o maior produtor de feijão do país, deverá registrar queda de 36% na produção, alcançando 344,4 milhões de toneladas, contra as 538,5 milhões colhidas na safra anterior.
Com a estimativa de menor produção em Minas e a quebra de safra no Sul do país, os preços deverão se manter em patamares elevados ao longo de março.
Mesmo com o incremento nos preços, os estados do Sul, que já estão plantando a segunda safra do feijão, praticamente mantiveram a área do produto. Até o momento, a previsão da Conab para Minas mostra estabilidade na produção da segunda safra, com volume de 177 mil toneladas.
Veículo: Diário do Comércio - MG