O mercado de trabalho brasileiro não sentiu os efeitos da crise econômica em outubro. A taxa de desocupação se manteve estatisticamente estável, no nível de 7,5% nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com alta da população ocupada e recuo do número de desocupados. Em setembro, o desemprego era de 7,6%.
"O mercado de trabalho ainda não está sentindo os efeitos da crise a ponto de haver dispensas. Nós não estamos vendo dispensas e parece não haver reflexo da crise no mercado de trabalho", disse Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
A população ocupada nas seis regiões metropolitanas subiu 0,8% em outubro em relação a setembro, um aumento de 176 mil trabalhadores, para um contingente total de 22,155 milhões de pessoas ocupadas. Já a desocupação caiu 1,8%, com 33 mil pessoas a menos, em um universo de 1,785 milhão de desocupados. Em relação a outubro do ano passado, a população ocupada subiu 4%, o equivalente a 855 mil empregos a mais.
Entre as regiões pesquisadas, São Paulo apresentou taxa de desocupação de 7,7%, queda de 0,3 ponto em relação a setembro e nível recorde de baixa desde o início da série histórica, em março de 2002. "São Paulo se beneficia pela recomposição contínua do mercado de trabalho nos últimos anos e é uma metrópole que tem grande importância. Isso mostra que o cenário econômico na região tem se mostrado aquecido", explicou Azeredo, acrescentando que São Paulo representa 40% da população ocupada nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
Outro destaque foi o emprego com carteira no setor privado, com alta de 1,9% em relação a setembro. Com o resultado, os trabalhadores com carteira em empresas privadas passaram a representar 44,4% da população ocupada.
A notícia ruim da pesquisa do IBGE ficou por conta do rendimento da população ocupada, que caiu 1,3% entre setembro e outubro, para R$ 1.258,20, depois de atingir R$ 1.274,26 no mês anterior. A queda de 1,3% foi a primeira desde junho e a maior baixa desde o recuo de 1,6% de janeiro de 2006. Segundo Azeredo, uma das causas do recuo pode ter sido o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de deflator para o cálculo, e teve alta de 0,55% em outubro nas seis regiões pesquisadas, depois de subir apenas 0,16% em setembro.
" Pode também haver algum efeito de contratações antecipadas de temporários para o fim de ano, que são funcionários que entram ganhando menos. Mas não conseguimos confirmar isso " , acrescentou Azeredo. O resultado de outubro não impediu que o rendimento habitual nos 10 primeiros meses do ano atingisse patamar recorde para o período janeiro-outubro. O valor médio este ano foi de R$ 1.247,16, 3,3% acima do recorde anterior de R$ 1.207,04, dos 10 primeiros meses de 2007.
Veículo: Valor Econômico