Eles são numerosos e representam um enorme mercado para o comércio
O solteiro está cada vez mais cobiçado - pelo comércio e pela indústria, ao menos. Para conquistá-lo, as empresas têm apostado na oferta de produtos feitos sob medida para essas pessoas. Nos supermercados, há alimentos em porções reduzidas e (quase) prontos para o consumo. Os imóveis também ficaram menores e passaram a contar com serviços de arrumadeira e lavanderia - um desses empreendimentos, construído pela Gafisa no bairro do Campo Belo, sai por R$199 mil. E como apartamento de solteiro tende a abrigar festas e visitantes, os artigos para casa agora ocupam menos espaço e tem desenhos arrojados.
Mas por que os solteiros passaram a chamar tanta atenção do mercado nos últimos anos? Primeiro porque são numerosos. Levantamento realizado pela consultoria Escopo GeoMarketing mostra que, hoje, os consumidores com esse perfil representam um terço da população paulistana com mais de 18 anos.
Outra coisa que as empresas consideram muito atraente no solteiro é o tamanho do seu bolso. De acordo com a pesquisa, a renda mensal média per capita é de R$ 1.645. “Em São Paulo, os ‘singles’ são numerosos, querem aproveitar a vida e, por não terem formado família, possuem poucos compromissos financeiros. Por tudo isso, eles apresentam um potencial de consumo muito interessante”, analisa Francisco Neves, diretor da Escopo GeoMarketing, ressaltando que todo mês esse grupo injeta no mercado cerca de R$ 6 bilhões.
“O solteiro sempre procura praticidade e conveniência”, diz Silvia Leão, diretora executiva da rede de supermercados Extra Fácil, bandeira do grupo Pão de Açúcar criada para atender principalmente a esse público. “Portanto, quando pensamos em vender para eles, temos de oferecer porções menores, lojas localizadas perto de sua casa e uma gama diversificada de produtos.”
Produtos inovadores também costumam agradar aos ‘avulsos’. “Nas pesquisas que fazemos, constatamos que esses consumidores são muito receptivos a novidades e valorizam bastante elementos como design e tecnologia”, afirma Mario Fioretti, diretor de design das marcas Consul e Brastemp.
Alguns produtos voltados para solteiros custam, proporcionalmente, até 20% mais que os vendidos na versão “tamanho família”. Porém, de acordo com Douglas Pinheiro, economista e coordenador do curso de Administração das Faculdades Rio Branco, quando se trata de itens que tenham prazo de validade curto, como é o caso dos alimentos, é mais vantajoso optar pelas porções individuais. “Desperdiçar comida não compensa”, afirma Pinheiro. “Financeiramente, a conta final acaba ficando mais cara. E do ponto de vista social, é preciso valorizar o consumo consciente.”
A administradora de empresas Winnie Amorim, de 24 anos, já percebeu isso na ponta do lápis. “Mesmo que a diferença de preços entre a porção grande e a menor seja mínima, eu prefiro comprar a menor porque assim não jogo nada fora”, diz. “No final, acabo até economizando.”
Veículo: Jornal da Tarde