Setor de alimentos aquecido

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Em um mundo onde há 7 milhões de bocas a serem alimentadas não chega a ser surpreendente que a indústria alimentícia viva uma expansão vertiginosa. Até o final de 2014, o setor deve faturar US$ 5,9 trilhões, crescimento de 37,2% em relação a 2009. Em contrapartida, a turbulência econômica, geopolítica e ambiental da nova década traz desafios significativos para os produtores de alimentos, varejistas e marcas.

Segurança alimentar, sustentabilidade e a preocupação do consumidor em adquirir produtos saudáveis se tornaram fatores críticos para o mercado. O crescimento dos produtos artesanais e os prós e contras do abastecimento local também são tópicos que têm causado impacto na forma do homem consumir alimentos. A análise de tendências de consumo e produção de alimentos é a base do estudo "The Future Report Food", produzido pelo The Future Laboratory em parceria com a Voltage, agência produtora de Human Insights e Tendências aplicados aos negócios e às estratégias dos clientes.

A pesquisa "The Future Report Food" integrará a palestra de Paulo Al-Assal, CEO da Voltage e um dos principais especialistas brasileiros em tendências, no TEDx Campos, que acontece em 23 de junho, no Grande Hotel Campos do Jordão/Hotel-escola do Senac. Com o tema Alimentação do Futuro, o TEDx Campos seguirá os mesmos moldes dos TED globais, cuja proposta é divulgar ideias inovadoras de grandes pensadores do nosso tempo.

Engrenagem - A questão alimentar com certeza será uma das principais a conduzir o século 21, presente na base dos movimentos sociais e geopolíticos. A segurança alimentar, por exemplo, esteve no coração da revolução de 2011 no Egito. Como resultado, mais e mais pessoas querem ter controle sobre a forma com que os alimentos são produzidos e consumidos. Há necessidade de aumentar a produção de alimentos com preços mais acessíveis; há uma demanda por maiores níveis de transparência no processo de produção, sobretudo nos geneticamente modificados.

Quando a análise abarca as tendências, em países como China e Índia, embora os consumidores adotem um estilo de vida ocidental no tocante à alimentação, as marcas devem atentar para aspectos e gostos locais, especialmente porque o consumidor contemporâneo mostra interesse no convívio social. Do lanche hiperconectado da geração D (digital, nascidos entre 1995 e 2002) ao Rubarnism artesanal, o estudo "The Futures Report Food" mostra que a forma de se relacionar com a alimentação tem mudado ao longo dos séculos. Hoje, as populações dos países ricos e dos emergentes têm exercido importante pressão em prol da sustentabilidade de todo o processo de produção de alimentos.

O estudo aponta que a sustentabilidade será uma preocupação não apenas dos países ricos, mas dos emergentes. "Em um futuro próximo, o grau de sustentabilidade no processo de produção de determinada marca ou produto será uma espécie de rótulo que define a ética. Além disso, a demanda alimentar originada de populações crescentes e das economias emergentes deve impulsionar o desenvolvimento da biotecnologia agrícola. Na prática, o desenvolvimento de alimentos funcionais e mais saudáveis vai romper o preconceito de consumidores contra alimentos geneticamente modificados", afirma Paulo Al-Assal. Há, inclusive, estudos consistentes, ressalta o executivo, para a produção de alimentos livres de alérgenos como o glúten - produtos que devem auxiliar a alimentação de portadores da doença celíaca.

O mercado global de alimentos funcionais deve faturar, em 2014, US$ 29,8 bilhões; aumento de 22,8% em relação a 2010. O Japão, maior mercado consumidor de alimentos funcionais, deve faturar US$ 11,3 bilhões em 2014; nos Estados Unidos, as vendas devem crescer 20,7% no mesmo período, chegando a US$ 9,1 bilhões. De acordo com Al-Assal, a população mais idosa está mais consciente do impacto da dieta alimentar na saúde e é justamente essa parcela da população que está fazendo o mercado de funcionais crescer. Na China, as mudanças demográficas tornaram-se um poderoso motor de vendas de alimentos funcionais. Produtos a base de ervas medicinais com propriedades terapêuticas se tornaram sucesso de vendas.

Mercados emergentes - Os consumidores de mercados emergentes como os que integram o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e os Mavins (México, Austrália, Vietnã, Indonésia, Nigéria e África do Sul) têm alterado padrões de consumo mundiais de alimentos. Países como Índia e China se tornaram mais ocidentalizados e passaram a consumir mais carne. Marcas como a KFC incluíram produtos locais em seus menus para agradar esses consumidores. Na Índia, por exemplo, a pizza Dominó oferece produtos com queijo paneer e keema; no Brasil, a Nestlé passou a investir na venda porta a porta; o Nestlé até Você criou um supermercado flutuante para atender comunidades distantes dos grandes centros.

Nos mercados emergentes nota-se um crescente aumento de jovens que têm consumido doces e chocolates. No Bric, o mercado de confeitaria deve alcançar um faturamento de US$ 27 bilhões em 2014. O mesmo crescimento não ocorre na Europa e nos Estados Unidos. No Reino Unido, por exemplo, as vendas de chocolate caíram 1,3% em 2010 e a tendência é que caiam ainda mais por conta da preocupação da população em controlar a ingestão de calorias.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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