O faturamento do setor eletroeletrônico no primeiro trimestre deste ano avançou 7% na comparação com igual período de 2011. Este resultado decorreu do crescimento das áreas de Automação Industrial; Equipamentos Industriais; Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (GTD); e Telecomunicações, que representam, em grande parte, os segmentos de bens de capital e infraestrutura do segmento.

Por outro lado, os setores cujos produtos, predominantemente, são destinados ao consumidor final, como Informática e Material Elétrico de Instalação, apresentaram quedas de -5% e -6%, respectivamente, o mesmo acontecendo com a indústria de Componentes Elétricos e Eletrônicos, que registrou retração de 9% no intervalo.

No caso de Utilidades Domésticas, ocorreu crescimento de 7% no período, motivado pelas medidas governamentais de estímulo ao consumo, entre elas a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca.

Vendas/Encomendas - Apesar do crescimento de 7% observado, a avaliação do setor é de que o primeiro trimestre de 2012 não foi bom para indústria eletroeletrônica. Entre outros fatores, as vendas ficaram abaixo do esperado. O faturamento do primeiro trimestre deste ano ocorreu em função de negócios realizados no ano passado, principalmente nos setores de bens de capital. A recomposição da carteira de pedidos abaixo das expectativas poderá afetar o faturamento do segundo trimestre.

No período em questão, foi marcante o clima de apreensão quanto ao possível reflexo da crise econômica mundial sobre o mercado interno, que acabou retraindo o segmento de produtos eletroeletrônicos. Também afetou o mercado de bens de consumo o crescimento da inadimplência do consumidor.

A concorrência com os produtos importados continuou afetando a atividade do setor, apesar da desvalorização cambial de 6% observada no primeiro trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre de 2011.

Deve-se ressaltar que motivações para o consumo e investimento não faltaram durante os primeiros três meses do ano.

Pelo lado do consumo, a taxa de desocupação da população economicamente ativa neste primeiro trimestre (5,8%) ficou em patamares inferiores ao verificado no primeiro trimestre de 2011 (6,3%), o rendimento médio real cresceu 4,2% na mesma comparação e, ainda, as condições de crédito se tornaram mais atrativas tanto em termo de taxas de juros como de oferta.

Além disso, houve esforço do governo para estimular os investimentos produtivos no Brasil, como a manutenção das condições favoráveis das linhas de financiamento do BNDES com prazos de pagamentos e taxa de juros atrativos, além da atuação mais agressiva no mercado financeiro pelos bancos oficiais para estimular a redução das taxas de juros.

Balança comercial - O crescimento do faturamento da indústria eletroeletrônica já teve um pequeno reflexo no aumento das exportações, que passaram de US$ 1.725 milhão no primeiro trimestre de 2011, para US$ 1.771 milhão no primeiro trimestre de 2012, com crescimento de 3% dos valores em dólares ou de 9% em reais. Destacaram-se as exportações dos equipamentos para Automação Industrial ( 27%), Equipamentos Industriais ( 39%) e Material Elétrico de Instalação ( 23%). Perderam mercado internacional, os bens da área de Telecomunicações (-46%), Utilidades Domésticas (-42%) e Informática (-10%), que sofreram com as restrições impostas pela Argentina aos produtos fabricados no Brasil.

As importações de produtos eletroeletrônicos passaram de US$ 9.143 milhões no primeiro trimestre de 2011, para US$ 9.872 milhões no primeiro trimestre de 2012, o que representa um crescimento de 8% em dólares e 15% em reais.

O nível de emprego do setor eletroeletrônico ficou praticamente estável durante o primeiro trimestre deste ano, com acréscimo de 0,56% no número de empregados. Este desempenho foi bem inferior a igual período do ano passado, quando o acréscimo do nível de emprego foi de 2,18%.


Perspectivas - Conforme dados do IBGE, a produção do setor eletroeletrônico no primeiro trimestre de 2012 foi 9% inferior à realizada em igual período de 2011. Conforme levantamento da Abinee para o segundo trimestre de 2012, 53% dos informantes esperam crescimento no faturamento do setor. No entanto, tendo como referência as sondagens conjunturais realizadas nos meses de abril e maio, que indicaram que os negócios da indústria eletroeletrônica também não tiveram bom desempenho, o crescimento nesse período em relação aos mesmos meses de 2011 deverá ser menor do que observado no primeiro trimestre.

Para o acumulado do ano, a perspectiva é de que o faturamento da indústria cresça 11% na comparação com o ano passado, percentual pouco abaixo do que foi previsto na última pesquisa do ano passado.

 esperada reação significativa no segundo semestre do ano, fato justificado pelo esforço do governo de manter a atividade econômica aquecida por meio de ações para a redução da taxa de juros, desoneração da produção, manutenção ou aumento da oferta de crédito e aumento dos investimentos governamentais.


Veículo: Diário do Comércio - MG