Clima afeta cafeicultura mineira

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Estimativa da Cooxupé é de perdas significativas em volume e em qualidade do grão.


O período chuvoso, observado em Minas Gerais desde o início de abril, está comprometendo cada vez mais a qualidade da safra 2012 de café e atrasando a colheita. De acordo com os dados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas, até o momento apenas 8% da safra foram colhidos, quando normalmente para a época o índice é de 20%.

Diante da interferência climática, os representantes da cooperativa contestam os últimos dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), onde foi estimada uma produção mundial e, principalmente, brasileira recorde para o período atual.

"Desde o ano passado estamos enfrentando problemas climáticos que vêm comprometendo o rendimento e a qualidade do café produzido em Minas Gerais e nas demais regiões do país. No Sul de Minas, maior região produtora, além das chuvas constantes também foi registrada geada, em meados do ano passado, e estiagem no início de 2012. O relatório do Usda está defasado e não reflete o que realmente vem acontecendo na safra brasileira", disse o superintendente da Cooxupé, Lúcio Dias.

De acordo com o levantamento do Usda, a produção mundial de café para 2012/13 foi estimada em um volume recorde de 148 milhões de sacas de 60 quilos, incremento de 10 milhões de sacas em relação ao período produtivo anterior. Segundo o órgão, metade do ganho pode ser atribuído à safra de arábica do Brasil, que está em ciclo bienal de alta produção. A colheita recorde no Vietnã também contribui para o crescimento.

O relatório do Usda prevê que a produção brasileira de café deve ser recorde, com volume de 55,9 milhões de sacas, um acréscimo de 6,7 milhões de sacas, que será proporcionado pela bianualidade positiva da produção do grão arábica. O relatório aponta somente para possíveis interferências do clima seco e da geada, em particular em Minas Gerais, o que poderá prejudicar o potencial produtivo. O Estado responde por 52% da produção brasileira de café.

A segunda estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma produção bem inferior à prevista pelo Usda. Nesta estimativa, os efeitos da chuva ainda não foram contabilizados. Segundo a estatal, a produção de café (arábica e conilon) será de 50,45 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, contra as 55,9 milhões estimadas pelos EUA.


Expansão - O resultado da Conab representa um crescimento de 16% quando comparado com a produção obtida na temporada anterior, que foi de 43,48 milhões de sacas. Em termos de volume, a produção do arábica apresenta alta de 5,944 mil sacas, e o conilon de 1,032 mil sacas de café beneficiado.

"Até o momento, a estimativa é de que teremos perdas significativas em volume e, principalmente, em qualidade, que só serão computadas com o incremento no ritmo da colheita, que está reduzido devido às chuvas. Nas regiões mecanizadas grande parte do café que caiu não será aproveitada. Já nas regiões onde a colheita é manual existe a carência de mão de obra e pessal disponível é insuficiente para colher os grãos nos pés e selecionar os que caíram", avalia.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as chuvas constantes nas principais regiões produtoras de café, além de limitar o avanço da colheita, também tem atrapalhado a secagem dos grãos, pela maior umidade. Nesse cenário, o volume de café da safra 2012/13 disponível no mercado ainda tem sido restrito.

Quanto aos preços, a saca de 60 quilos no Estado é comercializada em torno de R$ 360, valor bem abaixo dos R$ 480 praticados no final de 2011. A expectativa do setor é que os preços voltem a valorizar, diante a possibilidade de redução da safra e dos estoques mundiais ainda baixos.

A estimativa do Usda é de que o consumo no mundo aumente em 3 milhões de sacas em 2012, totalizando em uma demanda de 142 milhões. O consumo está em expansão constante na maioria dos países. O orgão dos EUA observa, no entanto, que, embora os estoques finais devam crescer em 3 milhões de sacas, totalizando 27 milhões, o abastecimento permanece apertado.

"Mesmo com a safra maior, os estoques mundiais do grão são pequenos e a demanda é crescente, por isso acreditamos na retomada da cotação. O grande empecilho é a crise financeira da Europa e dos Estados Unidos, maiores compradores do café brasileiro", avalia Lúcio Dias.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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