A redução da margem de lucro dos laticínios impactou os preços pagos pelo litro de leite ao longo de junho. De acordo com os dados do Boletim do Leite, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em Minas Gerais, o valor pago aos pecuaristas de leite recuou, em média, 3,09% em junho, referente à produção entregue em maio. A queda é considerada atípica, uma vez que o produto está em plena entressafra.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, a margem de lucro dos laticínios está menor há alguns meses, em função da valorização da matéria-prima ao longo da safra, enquanto no mercado de derivados lácteos não houve reação dos preços, devido ao desaquecimento das vendas. Para o pagamento de julho, a expectativa é de nova queda nos preços pagos aos pecuaristas.
Os dados do Cepea mostram que o preço mínimo praticado em Minas, ao longo de junho, ficou em R$ 0,77 por litro de leite. O valor médio foi de R$ 0,86 e o máximo R$ 0,93.
Na média nacional, o preço bruto pago pelo leite ao produtor caiu 2% em junho, encerrando o período em R$ 0,856 por litro na média ponderada pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Na comparação com junho de 2011, houve queda de 5,5%, em termos reais, ou seja, considerando-se a inflação do período.
Regiões - Em todas as regiões mineiras pesquisadas pelo Cepea foram registradas quedas. A maior redução observada nos preços pagos aos pecuaristas de leite foi verificada nas regiões Sul e Sudoeste, com recuo de 6,01%. Nas localidades o valor mínimo ficou em R$ 0,738, o médio em R$ 0,828 e o máximo alcançou R$ 0,885.
Queda significativa também foi observada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em junho, os pecuaristas receberam em média R$ 0,893 por litro de leite. A queda de 3,89% fez com que os preços máximos chegassem a R$ 1,016 e o mínimo a R$ 0,805.
No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba a queda de 3,23% fez com que os preços máximos ficassem em R$ 0,963, o médio em R$ 0,904 e o mínimo a R$ 0,777. No Vale do Rio Doce a redução foi de 2,27%. Na região os pecuaristas receberam em média R$ 0,921 por litro de leite. O valor máximo alcançou R$ 1,022 e o mínimo R$ 0,839.
Com a queda observada ao longo de junho, a situação dos pecuaristas ficou desfavorável uma vez que os custos foram ampliados. De acordo com os dados do Cepea, os custos de produção seguem em alta, impulsionados pelo encarecimento da alimentação concentrada. O farelo de soja registrou valores recordes no período.
Diante da alta, o índice de custo de produção calculado pelo Cepea atingiu, em maio, o maior patamar desde o início da série, que foi iniciada em janeiro de 2008. Em relação a maio de 2011, o Custo Operacional Efetivo (COE) registrou aumento de 8%. Segundo os pesquisadores do Cepea, este cenário de redução da margem de lucro do pecuarista leiteiro tende a desestimular avanços na produção de leite.
No período, o Índice de Captação de Leite do Cepea, na média nacional, ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,3%. Em Minas Gerais houve recuo de 1,5% na captação.
Para o pagamento de julho, referente à produção entregue em junho, os pesquisadores do Cepea apuraram que 53% dos compradores de leite que participam da pesquisa, responsáveis por 77% do volume de leite amostrado, têm expectativa de nova queda nos valores. Quase 37% dos representantes de laticínios e cooperativas, que respondem por 19% do volume de leite, acreditam em estabilidade de preços, e apenas 10% dos agentes, responsáveis por 4% do volume amostrado, esperam elevações.
Veículo: Diário do Comércio - MG