Os preços baixos praticados no mercado doméstico de algodão pelo segundo ano consecutivo, em contraste com a alta ocorrida na soja e no milho, deverão reduzir a área cultivada com algodão na safra brasileira 2012/13 em 20,3%, totalizando 1,107 milhão de hectares. A projeção faz parte do levantamento de intenção de plantio, divulgado por Safras & Mercado.
No Mato Grosso, maior produtor nacional a retração esperada é de 19,7%. Os produtores baianos devem reduzir a área em 22,9%. Em Goiás a retração estimada é de 15,8%. De acordo com Safras, com essa área e sem ocorrência de quebras por eventuais intempéries climáticas, pode-se estimar uma produção de 1,670 milhão de toneladas (pluma), o que corresponde a uma retração de 9,8% em relação à produção da safra 2011/12.
"O recuo só não é maior porque os cotonicultores, com altos investimentos em tecnologias destinadas ao cultivo de algodão, seguirão plantando, porém, destinando uma maior parte de suas terras às outras culturas com possibilidade de rentabilidade maior", explica o analista de Safras, Elcio Bento.
No Estado do Mato Grosso, por exemplo, considerando-se os preços atuais, a produtividade da safra anterior e o custo de produção atual, enquanto soja e milho têm rentabilidade positiva de 43,4% e de 20%, respectivamente, para o algodão está negativa em 10,3%. "Esses números justificam a posição dos cotonicultores nacionais".
Segundo o analista de Safras, outro indicador que corrobora para a perspectiva de redução da área plantada é o menor registro de negócios futuros na Bolsa Brasileira de Mercadoria (BBM). Até o dia 19 passado, os produtores de algodão haviam registrado 199.686 toneladas da safra 2012/13. No mesmo período do ano passado, os registram eram de 408.554 toneladas da safra 2011/12 (104%). "Este menor volume de registros futuros é mais um prenúncio da redução da área plantada na safra 2012/13", completa.
Feijão - A área plantada com feijão deverá cair 8,82% na primeira safra da temporada 2012/13, ocupando 1,139 milhão de hectares. Com a aposta de um aumento na produtividade, a produção deverá totalizar 1,220 milhão de toneladas, com queda de 1,55% sobre o ano anterior. As projeções fazem parte do levantamento de intenção de plantio de Safras & Mercado.
As perspectivas são de uma redução generalizada na área cultivada de feijão no Brasil na safra 2012/2013, contudo uma boa parcela desse movimento de queda tende a ser compensada pelo aumento da produtividade.
"Como a safra passada foi marcada por problemas climáticos, tanto na região Sul quanto na Nordeste, a produção nacional foi drasticamente afetada, entretanto para a safra seguinte nos detemos a utilizar uma média de produtividade dos últimos anos para chegar a tal resultado estimado de produção. Com isso, o aumento estimado da produção nordestina vai compensar grande parte da diminuição de produção esperada para a região Centro-Sul do país", explica o analista de Safras, Renan Magro.
De maneira geral, o valor da saca de feijão ainda é remunerador para os produtores, porém os altos preços do milho e, especialmente, da soja servirão como barreiras importantes na escolha de produção dos agricultores brasileiros.
"Grande parte do feijão produzido nacionalmente é proveniente de pequenos produtores e estes dificilmente trocam para outras culturas devido aos altos custos de transição", enfatiza.