Greve geral dos transportadores não deve gerar prejuízos.
A greve geral dos transportadores rodoviários de cargas prevista para hoje em todo o Brasil não deve gerar grandes prejuízos para o setor em Minas. que a paralisação, idealizada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), que promete parar 600 mil caminhões que circulam no país, não conta com o apoio de parte da categoria. Com isso, muitos caminhoneiros podem não aderir ao protesto, esvaziando o movimento.
O presidente do Sindicato União Brasileira dos Caminhoneiros, com sede em Belo Horizonte, José Nathan Neto, já anunciou que entidade não concorda e não vai aderir à greve, que acontece no dia de São Cristovão, padroeiro dos motoristas.
Segundo Nathan Neto, o momento é totalmente inoportuno, já que a categoria está negociando melhorias com o governo e ainda comemora a recente aprovação de uma legislação que regulamenta a profissão.
"A greve é retrocesso e não tem justificativa. Motorista de caminhão é escravo há 60 anos e agora que conseguimos avançar com a aprovação de leis voltadas para a profissão, não podemos voltar atrás. A greve só vai prejudicar todo o trabalho que já foi realizado", justifica.
No entanto, o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais, que é ligado ao MUBC, José Carneiro, alega que a paralisação terá sim adesão quase total da categoria. "A partir da zero hora de amanhã (hoje) todo mundo estará parando. Temos que protestar para mudarmos a lei que não atende as reais reivindicações dos caminhoneiros", afirmou.
Pauta - A pauta de reivindicações proposta pelo MUBC questiona alterações provocadas pela Lei 12.619, como restrições no trânsito nas cidades, a falta de pontos de paradas para descanso dos motoristas nas rodovias, aumento do preço dos combustíveis, alta carga tributária e aumento do roubo de cargas e caminhões.
O MUBC também reclama do cartão-frete que estabelece que os motoristas somente poderão prestar serviços exclusivos para entidades que estiverem vinculados. Segundo os sindicalistas, a medida impossibilita a venda de fretes e compromete as atividades dos profissionais autônomos do setor.
Para a Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), esse movimento, além de equivocado, não representa a vontade da maior parte da categoria. Por isso mesmo, para o presidente da entidade, Vander Francisco Costa, não estão previstos grandes prejuízos para o setor.
" uma ação centralizada por alguém que se autointitula líder, mas que não atende a vontade da maioria dos transportadores de cargas. Por isso, a gente entende que não haverá uma grande adesão", afirmou, referindo-se ao líder do MUBC, Nélio Botelho.
Costa admite que há falhas na legislação atual mas, segundo ele, as mudanças têm que ser feitas com coerência e em conjunto com o governo que mostrou boa vontade e continua negociando com os caminhoneiros. "Não podemos aprovar e defender uma parte da categoria que deseja continuar na informalidade", observou.
Segundo cálculos da Fetcemg, Minas possui uma frota de 190,7 mil veículos de transporte de cargas rodoviárias, e deve reunir entre 80 mil e 100 mil trabalhadores, empregados em 13.451 empresas e 38 cooperativas. Como autônomos operam cerca de 76,6 mil motoristas.
Legislação - A Lei 12.619, de 30 de abril de 2012, regula e disciplina a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional. Publicada no "Diário Oficial da União" no dia 2 de maio, a norma entrou em vigor em 16 de junho. A medida se aplica a todos os motoristas, sejam autônomos ou empregados, que trabalham em rodovias, e vias públicas e urbanas, excluindo o motorista de zonas rurais.
Veículo: Diário do Comércio - MG