Previsão é que haja queda de 7% na contratação de funcionários
A crise deve reduzir as efetivações no começo do próximo ano das contratações temporárias das vagas criadas no final deste ano, em relação ao mesmo intervalo de 2007/2008. A Associação Brasileira de Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Assertem), que antes da crise previa crescimento de 3% nas efetivações, já admite queda de 7% em relação ao contingente do período anterior.
Segundo o diretor da Assertem, Vander Morales, a expectativa inicial era de que 37% dos 113 mil temporários contratados pelo comércio brasileiro neste final de 2008 fossem efetivados. No entanto, diante das incertezas quanto a situação econômica nos primeiros meses do ano que vem esse número não deve passar de 30%. Isso representaria cerca de 8 mil efetivações a menos.
Empresas de recrutamento e seleção também esperam queda nas contratações definitivas dos temporários. O vice-presidente de Relações Trabalhistas da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Carlos Pessoa, avalia que até o final do primeiro semestre de 2009 as empresas vão tomar uma postura "prudencial", reduzindo suas contratações. "A expectativa era maior antes da crise."
No setor de shoppings, os temporários devem crescer 15,8% nesse ano, para 112,4 mil vagas, de acordo com Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop). O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, ponderou que a projeção inicial era de que as efetivações pudessem atingir até 30%, mas a entidade já trabalha com um número de 25%. "O varejo nos shoppings não vai escapar dos efeitos da crise", diz.
Uma pesquisa contratada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), com 500 empresários do setor, revelou as contratações de temporários devem abrir cerca de 11 mil vagas nesse final de ano, o que representaria um incremento de 1 mil oportunidades sobre o ano passado. No entanto, o porcentual de efetivações dessas vagas deve ficar em 10%, valor inferior aos 15% apresentados em 2007.
Morales, da Assertem, destaca que a projeção de incremento de 8% nas vagas temporárias, projetada antes do acirramento da crise em setembro, está garantida. Essa estimativa representa, porém, uma desaceleração sobre o número de temporários registrado em 2007, que evoluíram 16% sobre o contingente contratado sobre o ano imediatamente anterior.
O dirigente ressalta que o aumento nas vagas dessa temporada de final de ano será puxado pela expansão dos pontos-de-vendas em shoppings, supermercados e varejo de rua, além da expectativa de vendas aquecidas até o final de ano. "Mesmo gastando menos, o consumidor vai continuar indo às compras, mantendo aquecidas as contratações temporárias", explica.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Claudio Dedecca, especialista das áreas de emprego, renda e salário, ressalta ser possível uma redução não apenas das efetivações como também a eliminação de postos de trabalho no comércio. "A provável desaceleração da atividade econômica deve retrair a geração de empregos", diz.
Veículo: Bem Paraná