Com preços recordes, produtores se preparam para aumentar mais a área plantada
O Brasil deve ter a maior safra de grãos da história. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para uma colheita de 165,92 milhões de toneladas. Segundo o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, até o fim do ano, quando os dados serão consolidados, esse volume pode chegar a 170 milhões de toneladas de grãos. A expectativa do governo era atingir esse total apenas na safra 2012/2013, que começa a ser semeada em setembro.
O expressivo aumento de 71% na produção do chamado milho safrinha, que é cultivado na sequência da colheita da soja, explica a safra recorde, apesar da forte quebra registrada no início deste ano na produção do Rio Grande do Sul, por causa da estiagem. O Brasil vai colher 38,5 milhões de toneladas de milho safrinha este ano, superando pela primeira vez o volume produzido na safra de verão. "A safrinha do milho se tornou um safrão", comemorou Mendes Ribeiro.
A safrinha de milho foi o grande diferencial do 11.º levantamento divulgado ontem, pois em fevereiro, no auge da estiagem na Região Sul, a Conab previa que a safra 2011/12 teria uma redução de 5,7 milhões de toneladas, queda de 3,5% em relação a anterior. A Conab consolidou os dados da safra de verão e apontou uma queda de 8,9 milhões de toneladas (-11,8%) na produção de soja, para 66,3 milhões de toneladas, e de 727,8 mil toneladas no milho, para 34,2 milhões de toneladas.
Ganhos. Os produtores, além da safrinha de milho recorde, comemoraram o aumento na cotação do produto, impulsionado pela quebra de safra nos Estados Unidos. Ontem, na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para dezembro da nova safra de milho atingiram o pico histórico de US$ 8,2975 por bushel, superando os US$ 8,2875 por bushel de três semanas atrás. "Pelo menos 60% do milho de safrinha pode ser exportado que a gente ainda consegue fazer frente às necessidades domésticas", afirma Amaryllis Romano, economista da LCA.
Os problemas nos EUA também têm influenciado a cotação da soja. No caso da commodity, boa parte da exportação foi feita no primeiro semestre. Mas os produtores já acumulam ganhos com contratos futuros.
Segundo a Informa Economics FNP, em 2011, os contratos futuros na região de Rondonópolis estavam sendo firmados por um preço de R$ 36 a R$ 38 por saca de soja. "Hoje, existem negócios de R$ 52,50 a R$ 54 para fevereiro 2013", diz Aedson Pereira, analista de mercado da consultoria. Em Cascavel, Paraná, os acordo chegam a R$ 63 por saca para entrega em março de 2013. Em 2011, a cotação era de R$ 46.
Para a entidade, a expectativa é que a área plantada de soja na próxima safra fique entre 27,5 e 28,5 milhões de hectares, acima dos atuais 25 milhões.
Em 2012, a produção brasileira de soja foi 12,2% menor que a de 2011, na maior queda registrada desde 2002, início da série histórica do IBGE. Ainda assim, a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deste ano será recorde, de 163,3 milhões de toneladas, puxada pela produção também recorde de milho, de 71,4 milhões de toneladas, 27% acima do colhido em 2011.
Veículo: O Estado de S.Paulo