Oferecer produtos a consumidores ainda pouco atendidos pelo mercado é a estratégia de pequenas e médias empresas para ganhar seu espaço no setor brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC). É o caso da Lumi, que conta com uma linha voltada para peles negras; da Maturi, que aposta em produtos para consumidores maduros, e da Memphis, que expandiu seu portfólio voltado ao público masculino.
O mercado de HPPC tem crescido em média 10,9% ao ano, nos últimos cinco anos, movimentando, em 2011, R$ 29,4 bilhões, em valores Ex-Factory (saídos de fábrica, livres de impostos sobre vendas), segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Impulsionado pelo aumento do poder de consumo da classe C, o setor busca crescer também através da conquista de novos consumidores.
Peles negras
"Aqui, no Brasil, as marcas não têm produtos específicos; normalmente, quem tem pele negra, para fazer a preparação da pele, com base, corretivo, pó compacto, tem que comprar de fora", conta a sócia-diretora da Lumi Cosméticos, Natália Antunes. A empresária afirma que as mulheres também criaram soluções próprias, por exemplo, improvisando um batom como blush. "Por isso, elas não tinham o hábito de comprar produtos para preparação da pele, mas isso agora está mudando", relata.
A Lumi criou sua linha para peles negras quando entrou no mercado angolano, em 2007. Hoje está presente também em Moçambique e negocia a instalação de uma fábrica própria no Benim. "Desde então, essa linha só cresce: nos primeiros sete meses deste ano, as vendas dos 15 produtos específicos cresceram 13% em valores, em relação ao mesmo período de 2011", afirma. Maquiagem para peles negras representou no ano passado 3,9% do faturamento da empresa.
Com uma planta na zona norte da capital paulista, a empresa fabrica seus produtos para corpo, banho e perfumaria, terceirizando maquiagem e esmaltes. A companhia possui 100 funcionários diretos e uma rede de mais de 150 mil representantes, tendo crescido 23% em faturamento de janeiro a julho de 2012, embora não revele valores absolutos. "Em 2011, crescemos 17%, então este ano está melhor, com a contribuição da venda pela Internet, um canal novo para nós", diz Natália.
Consumidor maduro
Voltada para consumidores idosos, a Maturi Cosméticos é ainda uma empresa jovem. Criada em 2009, a companhia surgiu da percepção de seus criadores de duas categorias em franca expansão no Brasil: o mercado de cosméticos e a população acima de 60 anos. "Percebemos que nada existia ligado a cosméticos para a maturidade, existia muito o conceito de anti-idade, o cosmético usado na busca pela juventude eterna", conta o investidor majoritário da empresa, Flávio Rijo. "Mas existe uma mudança na sociedade, que é o pessoal que busca qualidade de vida, saúde e bem-estar na maturidade", diz.
A empresa começou terceirizando sua produção com uma indústria em Guarulhos (SP), e agora está se associando à terceirista em uma única empresa. A Maturi fatura anualmente R$ 2 milhões, com a venda de 200 mil unidades, numa linha de 10 produtos. Entre este e o próximo ano, é planejado o lançamento de mais nove. A empresa possui 10 funcionários diretos e cerca de 50 na indústria. Com investimento inicial de R$ 500 mil, a marca está presente hoje em 200 pontos de venda, com ênfase no pequeno varejo. O crescimento anual é de 30% ao ano em faturamento.
Os produtos se diferenciam pela hidratação profunda, além de embalagens com letras grandes e de fácil manuseio. "As peles maduras têm necessidades especiais, mas ninguém procura um produto para a maturidade, porque ninguém quer ser considerado velho, então desenvolvemos um trabalho junto aos PDVs para o correto posicionamento do produto junto aos demais, mas com fácil identificação", conta.
Homens
Com mais de 60 anos de história, a Memphis lançou em maio a linha Biocrema for Men, que vem a se somar à linha Senador, compondo o portfólio de produtos masculinos da empresa. Com investimento de R$ 1 milhão, a linha é hoje composta de quatro produtos, entre os quais, sabonetes e desodorantes. "Nossa expectativa é que a linha Men responda por 2% a 3% da receita da empresa até o fim de 2013", diz o diretor de Vendas André Dall'Onder.
"Ao contrário da mulher, que varia muito de produto, o homem é mais conservador nas suas escolhas, mas, à medida que a indústria oferece novas possibilidades, esse homem vai se descobrindo e se cuidando mais", conta o executivo. Com duas fábricas no Rio Grande do Sul, cinco centros de distribuição e 300 funcionários diretos, a companhia faturou R$ 100 milhões em 2011. Focada em nichos de maior valor, a empresa pretende expandir sua presença nos mercados do sudeste nos próximos anos.
Veículo: DCI