Dólar favorece produto nacional.
Um Dia das Crianças menos "chinês" é a expectativa dos comerciantes e industriais para este ano. A valorização do dólar, que ultrapassou a casa dos R$ 2 após período de patamares mais baixos, deverá tornar os produtos nacionais mais competitivos na data comemorativa (dia 12 de outubro) e alavancar o crescimento nas vendas de brinquedos brasileiros em até 15%. No comércio, as projeções de crescimento para as lojas do segmento chegam a 20% no período.
O presidente da Estrela, Carlos Tilkian, prevê uma elevação de 15% no faturamento vinculado à data neste ano. A projeção é pautada nos pedidos que vêm sendo feitos neste mês e na receptividade dos consumidores aos principais produtos da coleção. "Eu sei que o Brasil está mostrando resultados meio contraditórios mas a realidade da empresa vem sendo diferente", afirma.
Para Tilkian, a alta do dólar poderá levar a um aumento imediato nas vendas da indústria brasileira, que tem como melhores datas o Dia das Crianças e o Natal. As duas datas representam algo em torno de 70% da comercialização de todo o ano de brinquedos. Ele explica que o planejamento estratégico voltado para a data foi feito antes pela indústria, quando o dólar ainda estava desvalorizado. Isso significa que parte da compra de insumos e produção dos brinquedos teve um custo menor. Já os produtos importados, que começam a ser encomendados agora, serão desembarcados no país cotados com o dólar mais elevado e, por isso, chegarão na ponta do consumo mais caros.
Além da questão cambial, outros fatores colaboram para a maior participação dos produtos brasileiros nas vendas locais, conforme a análise de Tilkian. "Temos que levar em conta que o custo da mão de obra na China vem aumentando e o governo brasileiro está colocando um fim nos benefícios fiscais que eram dados em alguns estados para produtos importados, que entravam pelos seus portos", afirma. Para o presidente, essa nova realidade poderá tornar a produção no Brasil cada vez mais atraente para empresas que terceirizam parte da fabricação para a China.
Temporários - A expectativa da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) é de uma alta de 12% nas vendas frente ao Dia das Crianças de 2011, com um faturamento de R$ 2,5 bilhões. Para o período foram contratados 1.200 temporários pelas 523 empresas de brinquedos do setor. Foram lançados cerca de 900 brinquedos para o período.
Já para as vendas dos produtos eletroeletrônicos produzidos em Minas Gerais, a alta do dólar não deverá resultar em aumento das vendas, segundo o vice-presidente e diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Ailton Ricaldoni Lobo. Ele explica que, para as empresas que não dependem de importação, o momento será positivo. Porém, grande parte delas ainda dependem dos insumos importados. Por isso, a expectativa é a de manter os mesmos resultados alcançados em 2011 para o setor em Minas Gerais.
No comércio, as expectativas são bastante positivas. Segundo o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel de Andrade Ivo, o setor está otimista em decorrência dos resultados alcançados nas últimas datas comemorativas. Além disso, as pesquisas realizadas junto aos consumidores ao longo do ano mostraram que o mineiro está disposto a consumir, mesmo com a desaceleração da economia.
Pautando-se nessa realidade, o sócio proprietário da rede de lojas Estripulia, Tales Capelo Cândido, estima alta de 20% nas vendas frente ao resultado do ano passado. Por essa razão, ele está montando um estoque mais robusto desde o mês de abril. O objetivo da antecipação da formação de estoque é o de maior chance de negociação de preços. Há produtos em que foram comprados com cerca de 10% de desconto. O empresário já estuda formas de atrair os clientes para as compras antecipadas para garantir os bons resultados no período.
O proprietário da Brinkel, Altair Rezende, projeta alta entre 12% e 15% nas vendas. Com a valorização do dólar, ele já registra maior venda dos produtos nacionais. Os produtos importados, segundo ele, estão em média 10% mais caros neste ano do que no anterior, enquanto os nacionais mantiveram-se no mesmo nível.
Veículo: Diário do Comércio - MG